Empresária cria startup de cosméticos oncológicos após perder mãe com câncer

Passar ou acompanhar uma doença nunca é fácil, ainda mais quando quem sofre é alguém que amamos. Se torna ainda mais doloroso quando falamos de uma doença tão difícil como o câncer. Para se ter ideia, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), somente este ano, o Brasil deve registrar cerca de 625 mil novos casos de câncer. Entre eles, 50,3% deverão ocorrer em homens e 49,7% em mulheres. Para quem passa por essa doença ou perde alguém que ama para ela, será que existe alguma lição que pode ser tirada? Foi após perder a mãe para a luta contra o câncer que, Natália Brezinski, decidiu mudar o objetivo da sua própria vida.

Em abril de 2020, Natália descobriu que a sua mãe lutava contra o câncer que se originou na vesícula e se espalhou pelas vias biliares, fígado e pulmão. “Ela sentiu uma dor na coluna e foi dessa forma que descobrimos a doença. Minha mãe se tratou durante dois meses longos e difíceis, mas infelizmente não resistiu. Fizemos tudo o que podíamos e foi uma perda devastadora, então foi nesse período que passei por um divisor de águas na minha vida – a pessoa que eu era antes do câncer e quem eu passei a ser depois”, conta.

Pouco menos de um ano depois do falecimento da sua mãe, em março de 2021, Natália decidiu criar a Lieve, uma startup de cosméticos oncológicos. “Enquanto a minha mãe sofria com a doença, comecei a enxergar lacunas no mercado e nas redes de apoio. Senti muita falta de produtos específicos e com qualidade para pacientes oncológicos, já que todos os outros causavam efeitos colaterais ou não eram tão eficazes e seguros quanto deveriam ser. Foi dessa forma que a Lieve nasceu preenchendo um vazio que existia dentro de mim”, explica.

Para focar na nova empresa e buscar espaço dentro do mercado, a empresária largou toda a sua carreira como advogada para constituir a Lieve. “Pode ter sido uma mudança brusca na minha vida, mas foi totalmente necessária. Eu já não conseguia conciliar o trabalho com a Lieve e precisei abrir mão do Direito. No começo eu senti uma grande mudança, mas hoje já não me vejo em outro lugar além do que estou hoje. Tem sido uma trajetória difícil, mas que vale a pena. Em março de 2021, criei a empresa, que foi lançada no mercado em novembro do mesmo ano e, em abril deste ano, nós lançamos o nosso primeiro produto depois de muito estudo e testes”, diz a empreendedora.

Para os próximos anos, a startup quer alcançar o objetivo de ser considerada no tratamento do bem-estar de 50% dos pacientes com câncer no Brasil. O principal propósito da Lieve é levar autoestima e bem-estar para pacientes oncológicos, focando principalmente em oferecer produtos que tenham qualidade e eficácia acima de tudo. “Nós atuamos em um nicho super específico, para um público específico e procuramos trazer os melhores ativos e ingredientes para essas pessoas. Acredito que o nosso diferencial seja sempre pensar no que é saudável para o paciente. Um passo importante que também iremos fazer é começar a entrar com os nossos produtos em farmácias e clínicas oncológicas, buscando levá-los para o máximo de pessoas possíveis”, complementa.

Lieve como rede de apoio

Para além dos produtos oncológicos, o objetivo é construir uma comunidade de apoio para quem está sofrendo com a doença, quem acompanha alguém que está doente ou que também queira buscar informações e se educar sobre o assunto. “No nosso site, abrimos um espaço para depoimentos. É um lugar em que as pessoas podem ter contato com outras experiências e conhecer histórias de quem pode estar passando por uma situação parecida. Também temos o blog que será um canal para ampliar o debate sobre o câncer, convidando profissionais da saúde e pessoas que estão na jornada ou passaram por ela para levar o máximo de informação”, conta Natália.

Além desses dois ambientes, em breve serão lançados workshops e o podcast da Lieve. “Tudo isso é uma forma de construirmos uma rede de apoio que ajude as pessoas a se fortalecerem em um momento que é tão difícil. A rede serve tanto para quem está passando e acompanhando a doença, quanto para quem está sofrendo com o luto e a dor de ter perdido alguém, como eu quando criei a empresa. O processo de luta contra o câncer é muito difícil, principalmente para quem precisa passar pelo tratamento de quimioterapia, então o que eu busco é ajudar essas pessoas de alguma forma, trazendo mais autoestima e bem-estar para o dia a dia delas”, entende.

Produtos veganos

O principal produto da Lieve é uma espuma de limpeza para o couro cabeludo, que limpa e ajuda a fortalecer a barreira da pele e restaurar o equilíbrio do microbioma. “Esse é um produto inédito no mercado oncológico, que acalma a irritação e suaviza a coceira, respeitando o equilíbrio natural do couro cabeludo. Nós também oferecemos cremes para pés e mãos, que são pensados em oferecer hidratação imediata na aplicação e benefícios para peles delicadas e irritadas. Eles reduzem a sensibilidade e oferecem proteção às desordens cutâneas. Aqui na Lieve, nós prezamos que todos os produtos sejam veganos, livre de parabenos, sulfatos e petrolatos. Eles não tem álcool e fragrância, mas sim óleo essencial. São hipoalergênicos, dermatologicamente testados, e com prebiótico”, explica.

A preocupação em oferecer produtos veganos vem junto com o desejo de oferecer o melhor para o bem-estar de quem usa os produtos. “Acredito que os produtos veganos oferecem resultados mais completos e também atender as classes mais exigentes e preocupadas com a natureza. Os cosméticos veganos precisam ser de boa qualidade para contribuir de forma benéfica para a beleza, saúde e bem-estar de quem os usa. Justamente o que buscamos oferecer são produtos que melhorem o bem-estar e a autoestima de quem está passando pelo câncer”, conclui Natália Brezinski.

Redação

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