O Estado de São Paulo terá uma unidade autônoma do Instituto Pasteur em toda a sua gama de atividade de pesquisa, ensino e inovação. A declaração de intenções tripartite sobre a criação do “Instituto Pasteur de São Paulo” foi assinada entre o Governo do Estado, o Institut Pasteur e a USP, nesta segunda-feira (4), durante a abertura do evento em comemoração aos 60 anos da Fapesp e aos 200 anos de nascimento do cientista Louis Pasteur.
O documento sela a colaboração entre as partes para a criação de uma unidade com a totalidade de serviços da instituição francesa, reconhecida mundialmente no cenário científico de saúde pública. A meta é que em um ano, a contar da assinatura da declaração de intenções, o Instituto Pasteur de São Paulo esteja formatado com todas as decisões tomadas igualmente entre as três entidades.
O embaixador Affonso Massot, Secretário Executivo de Relações Internacionais, representou o Governo do Estado de São Paulo no evento de assinatura. “A Declaração de Intenções que assinamos hoje é uma iniciativa que formaliza o relacionamento entre o Estado, a USP e o Instituto Pasteur de Paris”, explica o embaixador. Nas suas palavras, o acordo amplia “um legado cada vez maior na pesquisa e na ciência para nossos alunos, pesquisadores, professores e para toda a comunidade acadêmica, cuja maior beneficiária será a população de São Paulo.”
Assinam ainda a declaração, o reitor da USP Carlos Gilberto Carlotti Junior e o presidente do Instituto Pasteur, Stewart Cole. Como testemunhas, assinam Brigitte Collet, embaixadora da França no Brasil, além de Paola Minoprio e Luís Carlos Souza Ferreira, pesquisadores da USP.
Desde 2017, o Instituto Pasteur vem estreitando o relacionamento em pesquisa e ciência com o Estado de São Paulo. Em parceria com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a USP – Universidade de São Paulo nasceu em 2019 a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) que, desde 2020, desenvolve pesquisas especialmente focadas em doenças infecciosas emergentes e negligenciadas, transmitidas por patógenos que causam respostas imunes complexas e que produzem distúrbios no sistema nervoso, com impactos na saúde pública humana e animal.
Atualmente, a SPPU integra a Rede Pasteur, composta por 33 institutos em 25 países, e funciona como uma célula de emergência, cujo principal objetivo é conter epidemias dessas doenças, com o desenvolvimento de métodos preventivos, de diagnóstico/prognóstico e terapêuticos. Na América Latina, além do Brasil, o Instituto está presente no Uruguai e na Guiana Francesa.
Localizada em uma área de 1.700 m² no Centro de Pesquisa e Inovação Inova USP, na Cidade Universitária, a Plataforma é composta por 17 laboratórios, sendo quatro de nível 3 de biossegurança (NB3), que se equiparam ao padrão europeu.
São cinco anos de intenso investimento público e sem fins lucrativos, que resultaram num dos lugares de maior referência em pesquisa do Brasil, que muito colaborou no combate à pandemia da Covid-19 e despertou na rede francesa a interesse na criação de um instituto no país.
Selado acordo para a implantação do Instituto Pasteur em São Paulo: Instituto Pasteur, a USP e o Governo do Estado de São Paulo terão prazo de um ano para a implantação formal da unidade
Nesta segunda-feira (4), em São Paulo (SP), em um evento organizado pela Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) para celebrar os 60 anos da FAPESP e os 200 anos de Louis Pasteur, o vice-presidente executivo do Instituto Pasteur, François Romaneix; o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Gilberto Carlotti Jr; e o secretário executivo de Relações Internacionais do Estado de São Paulo, Affonso Massot, assinaram um acordo de intenções para a implantação de uma unidade do Instituto Pasteur em São Paulo no prazo de um ano. Na ocasião, também foi ratificada a continuidade da parceria que viabilizou a criação da SPPU, cujas instalações irão abrigar a unidade do Instituto Pasteur.
Operando há três anos, a SPPU é uma célula de emergência sediada na USP pela qual são realizadas pesquisas visando à descoberta de diagnósticos, tratamentos e vacinas contra doenças causadas por patógenos que levam a respostas imunes complexas e distúrbios no sistema nervoso. Equipada com laboratórios de níveis 2 e 3 de biossegurança, a Plataforma integra a Rede Pasteur – hoje composta por 33 institutos em 25 países.
Já Massot reafirmou o compromisso do governo estadual em continuar apoiando, por meio da Fapesp, a parceria. “A assinatura desse acordo é uma demonstração da vontade política para a criação do Instituto Pasteur em São Paulo”, ressaltou. “Estamos trabalhando para tornar esse apoio permanente”, acrescentou o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago. “A USP, o Instituto Pasteur e a Fapesp são os patrocinadores, mas devemos comemorar o suporte adicional do governo estadual”, disse.
Nova plataforma – No evento, o cônsul adjunto geral da França, Christophe Alamelama, destacou que a colaboração do Instituto Pasteur com o Brasil deverá ser reforçada com a criação de uma nova plataforma científica, desta vez em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essa nova plataforma, que será a base para a criação de outra unidade do Instituto Pasteur no Brasil, já estava prevista no acordo tripartite, firmado em 2015 entre a USP, Fiocruz e o Instituto Pasteur.
A presidente da Fiocruz, Nisia Trindade de Lima, também presente no evento, frisou o compromisso de abrir caminho para a criação de uma plataforma em Fortaleza, no Estado do Ceará, e trabalhar em conjunto com a SPPU. “Isso irá fortalecer o amplo trabalho de pesquisa que a Fiocruz já conduz no país.”
Membro pleno – O trabalho dos coordenadores executivos da SPPU nomeados pelo Instituto Pasteur e pela USP, respectivamente Paola Minoprio e Luís Carlos de Souza Ferreira, foi elogiado pelo presidente do Instituto Pasteur, Stewart Cole, e pela presidente honorária da Rede Pasteur, Françoise Barré-Sinoussi. Eles se pronunciaram por vídeo no evento, que contou ainda com uma palestra do presidente da Rede Pasteur, Amadou Sall, sobre a importância da Rede Pasteur para os países membros, seja no fortalecimento da pesquisa científica ou no enfrentamento de pandemias.
“Com a transformação da SPPU em um Instituto Pasteur nossa presença na Rede Pasteur será plena. Isso significa que iremos interagir com outros 32 centros, nos cinco continentes, promovendo a mobilidade de pesquisadores e aumentando a complementariedade de expertises nas pesquisas”, afirmou Minoprio. “Estamos construindo algo que vai continuar para as próximas gerações, nos ajudando a construir um apoio mais forte à saúde dos brasileiros e à formação dos pesquisadores que vierem no futuro”, disse Ferreira.
Depois das assinaturas dos acordos e dos pronunciamentos, foi inaugurado um busto de Louis Pasteur, em comemoração aos 200 anos de seu nascimento. O busto é, simbolicamente, a “pedra fundamental” da criação do Instituto Pasteur de São Paulo.
120 anos de história e ciência
Referência no estudo da raiva, o Instituto Pasteur foi criado na capital paulista, em 1903, como instituição privada, por um grupo de beneméritos, que seguiam os ideais do cientista francês, criador da primeira vacina antirrábica e que buscava na ciência soluções para questões práticas.
Desde o início, a missão do IP é contribuir com a vigilância epidemiológica, controle de risco e programas de capacitação relativos à raiva e outras encefalites virais, seja em pesquisa e inovação, seja em atividades laboratoriais de prestação de serviços à população.
Em 1916, foi doado ao Governo Estadual, que inseriu o equipamento no cenário científico paulista. Cabe também ao Instituto, desde 1996, a coordenação do Programa Estadual de Controle da Raiva, a profilaxia da raiva humana, e o suporte aos municípios.