Estudo busca aumentar em 80% diagnósticos e tratamento de hepatites virais em fase aguda

Por meio do Programa de Desenvolvimento ao Apoio Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Israelita Albert Einstein conduz, desde 2018, o projeto Hepatites Virais Agudas, que estuda as características epidemiológicas e clínicas destas doenças em serviços de saúde brasileiros para descobrir quais são seus agentes causadores no país. A iniciativa tem como principal objetivo aumentar o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais agudas em 80%, meta alinhada ao programa de saúde pública da Organização Mundial de Saúde (OMS) e ao plano de erradicação da doença no Brasil.

Com 20 instituições participantes distribuídas em 14 estados, serão avaliados cerca de 2 mil pacientes acima de 18 anos até o final do próximo ano, com expectativa de conclusão do estudo em 2023. Os dados são coletados por meio do acompanhamento de pessoas com suspeita clínica da doença – até o momento, já foram recrutadas 529 pessoas. Devido ao seu ineditismo e relevância, o estudo teve um artigo publicado no BMJ Open, periódico acadêmico britânico considerado um dos mais influentes e conceituados no mundo, detalhando todo o protocolo de execução.

De acordo com o Dr. João Renato Rebello Pinho, médico do Departamento de Patologia Clínica do Einstein e líder do projeto, a demanda surgiu por meio do Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde devido ao pouco conhecimento a respeito das hepatites virais agudas no país.

“Foi constatado que se possui dados sobre hepatites crônicas, mas não sobre as agudas, formas benignas da doença, que se não tratadas, podem evoluir para a fase mais agressiva. Desta forma, não há dados confiáveis sobre os principais agentes causadores, sendo que diversas doenças podem ser responsáveis por quadros similares e, pela primeira vez, se fala em fazer um estudo deste porte com abrangência nacional – até agora o número colhido já é o maior realizado”, destaca o Dr. João. “As pessoas pensam que as hepatites devem ser tratadas quando o quadro é grave, mas, muitas vezes, desenvolvem a forma crônica por não terem sido diagnosticadas a tempo”, completa.

O que são as hepatites agudas, afinal?

A hepatite aguda é causada por diferentes agentes, como vírus, bactérias, fungos, parasitas e outras etiologias não infecciosas, como toxicidade de drogas, alterações metabólicas, doenças autoimunes e hereditárias. Geralmente benigna, a doença pode causar inflamações hepáticas e até progredir para a hepatite fulminante. Algumas, dependendo das causas, podem evoluir para hepatites crônicas, cirrose hepática, ou até mesmo para carcinoma hepatocelular, representando um grave problema de saúde pública.

No Brasil, as mais frequentes são as hepatites virais: A, B, C, D e E. Exceto pela B, que tem genoma de DNA, todos os outros são vírus de RNA e diferem em suas rotas de transmissão e apresentação clínica. Apesar das diferenças no tipo de genoma viral, estrutura molecular e classificação taxonômica, esses cinco agentes etiológicos têm o fígado como alvo principal.

O líder do projeto Hepatites Virais Agudas explica que entre as doenças que podem causar condições similares estão a febre amarela, herpes, dengue, Chikungunya, Zika Vírus, leptospirose, toxoplasmose, sífilis, entre outras. “Por isso, um dos nossos principais objetivos é obter conhecimento das características clínico-epidemiológicas e moleculares das doenças de acordo com as condições de cada região do Brasil, além de determinar as taxas de incidência pelos vírus hepatotrópicos (que são ‘atraídos’ pelas células do fígado). Além disso, é fundamental detectar outros vírus e causas associadas que sejam relevantes no diagnóstico, para que esses casos possam ser mais bem compreendidos e combatidos”, conclui.

PROADI-SUS

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse o portal.

Redação

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