A Fibrilação Atrial (FA) é a alteração do ritmo cardíaco mais frequente e sua presença está associada a um aumento do risco de AVCi (acidente vascular cerebral isquêmico) e a piora da função cardíaca. Perigosamente silenciosa, os sintomas mais comuns são evidenciados por aceleração de batimentos, tontura, desconforto ou dor no peito, desmaio, fadiga ou fraqueza, que acometem, na maioria das vezes, pessoas acima dos 60 anos. Estudos recentes, *Stop AF First, dos EUA, e o EARLY-AF, do Canadá, ambos de 2020, testaram a terapia de Crioblação como primeira opção de tratamento e comprovaram que a técnica foi superior ao tratamento medicamentoso.
Segundo a Dra. Silvia Boghossian, eletrofisiológista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os estudos mostraram que a doença tem maior chance de cura, quando tratada precocemente. “Já existe evidência científica demonstrando que o tratamento não farmacológico é superior ao uso de medicamentos na recidiva da doença. Considerando esses dados e o alto risco de provocar um AVC, o tratamento mais rápido é o mais assertivo”, reforça a especialista.
A presença da Fibrilação Atrial não apenas leva ao maior risco de AVC, como também aumenta o risco de desenvolver insuficiência cardíaca, além de estar associada a um aumento de mortalidade. Por isso, a agilidade no tratamento é crucial para vencer a doença e mitigar esses riscos.
Na fase inicial, a doença se apresenta em episódios esparsos e de curta duração. Se não tratada de imediato, ela passa a ocorrer em períodos cada vez mais curtos e com durações maiores até se tornar persistente, quando a arritmia se mantém por 7 dias ou mais. A escolha por tratamentos demorados implica em maior agressão e inflamação ao átrio do coração e, consequentemente, reduz as chances de reverter a doença com um único procedimento. E quanto maior a demora para tratar, mais chances ela tem de voltar.
A ablação da FA vem sendo realizada com duas formas de energia térmica: Radiofrequência (calor) e Crioenergia (frio). O estudo ‘Fire and Ice‘ publicado em 2016 comparou as duas tecnologias, no tratamento da fibrilação atrial paroxística, demonstrou eficácia semelhantes em centros de grande experiência. Em um segundo estudo os autores relatam uma redução na hospitalização e necessidade de reintervenção com a crioablação.
A Crioablação realizada com balão simplificou o procedimento permitindo que centros com menor experiência apresentem resultados semelhantes aos centros de maior volume. Por ser uma técnica eficaz e com menor curva de aprendizado, a intervenção cirúrgica é muito mais rápida e tem menor curva de aprendizado. Isso faz com que ela possa ser implementada por centros de saúde de menor porte, podendo atingir o máximo possível da população e regiões mais carentes. “É uma tecnologia democrática, que pode aproximar a população distante dos grandes centros de saúde de um procedimento de alta performance. Já tivemos uma vitória com a incorporação da tecnologia na ANS (Agência de Saúde Suplementar) que levou a técnica para os planos de saúde”, complementa a médica. Até o momento, a Crioblação está disponível principalmente nas instituições privadas. Para ser incorporada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), é necessário que seja incorporada também pela CONITEC (Comissão Nacional de Tecnologias no SUS).
*Stop AF FIRST: www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2029554
Dicas de prevenção
Segundo a Dra. Silvia Bolghossian, as dicas não fogem muito das tradicionais recomendações para uma vida saudável. No entanto, ela reforça que a prática de exercícios físicos e o controle de peso merecem atenção especial. Seguem as dicas:
- Praticar exercícios físicos
- Lutar contra a obesidade
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas,
- Controlar a Hipertensão arterial
- Não consumir cigarros
- Evitar energéticos e estimulantes
Informações: cuidandodoseucoracao.com