Instituição filantrópica com 93% de atendimentos pelo SUS, o Hospital Angelina Caron (HAC), de Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba (PR), deve investir R$ 40 milhões até 2020 em infraestrutura, pesquisa e tecnologia para melhorar o atendimento dos pacientes. “Iniciamos em 2018 um novo ciclo de investimentos. Vamos revitalizar o pronto socorro, e também adquirir equipamentos de diagnóstico e de tratamento para a operacionalização de um centro de reabilitação neurológica”, informa Bernardo Caron, diretor administrativo do HAC, por onde passam anualmente cerca de 420 mil pessoas.
Os pacientes vêm de 396 municípios de todos os estados do Brasil. Além do pronto atendimento, o hospital realiza cerca de dois milhões de procedimentos e 25,1 mil cirurgias por ano, das quais 31% de alta complexidade. O HAC é o primeiro no país em transplante de pâncreas e em cirurgias bariátricas. A estrutura distribuída em 50 mil m² é de 1,7 mil colaboradores, 250 médicos e 406 leitos, dos quais 93 são de UTI.
O plano de expansão do Hospital Angelina Caron significa aumentar em 20% o número de atendimentos até 2020. Para isso, a meta é levantar mais incentivos públicos pela qualificação da gestão hospitalar e racionalização dos nos próximos dois anos. A expectativa de crescimento das receitas é significativa para um setor em crise: 15,6%, 8,8% e 12,7%, em 2018, 2019 e 2020, respectivamente.
A destinação de recursos para investimento, num cenário de grandes dificuldades para a gestão hospitalar, é fruto da adoção continuada de boas práticas de gestão desde que migrou do modelo privado para o de instituição filantrópica sem fins lucrativos, em 2004. “O HAC atende o SUS desde a sua fundação, em 1983. Contamos com a participação e parceria de vários governantes municipais, estaduais e federais nesse período. A adoção desse novo modelo de gestão e a qualificação tecnológica e de pessoal sustentou os resultados sem depender de auxílios do governo e nos posicionam na direção contrária à tendência do setor. Contamos com um planejamento saudável de crescimento e investimentos na estrutura do hospital. Hoje conseguimos gerir de forma eficiente os recursos que recebemos do SUS, que são alavancados pelos procedimentos de alta complexidade. Com isso, estamos obtendo algum superávit que, somado aos recursos captados, nos permite investir em qualificação em todas as frentes do hospital. Costumamos dizer que, perante o cenário no país, somos o SUS que deu certo”, explica Caron.
A criação da Sociedade Hospitalar Angelina Caron – marco da mudança na gestão de um dos maiores hospitais do país, localizado em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba – garantiu mais autonomia, representatividade, oportunidades de investimentos e de crescimento, mesmo em períodos de crise. “A mudança foi essencial. Elevamos o número de atendimentos, ampliamos programas sociais e investimos no ensino e na pesquisa, em todas as áreas da medicina. A eficiência para administrar e gerir o acordo com o SUS permite investirmos em um excelente atendimento ao cliente. Hoje somo capazes de oferecer tecnologia de ponta e corpo clínico com capacitações e experiências nos principais centros de saúde do mundo.”
O HAC tem boa performance comprovada em dados que representam a racionalização e gestão inteligente de recursos. “Desenvolvemos indicadores assistenciais como o percentual adulto e pediátrico de ocupação da UTI, o tempo médio de permanência e a taxa de mortalidade melhor do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Investimos em setores como o de transplantes, ajustamos os processos de consultas inicias com todas as etapas necessárias para a recuperação do paciente e a garantia de humanização e acompanhamento a idosos, crianças e pessoas com deficiência. O fato de termos indicadores de gestão, ensino e pesquisa e de redes de atendimento revisados todos os anos são fundamentais para a gestão eficiente e racional do complexo hospitalar”, observa Bernardo Caron.
Referência hospitalar
Os resultados da gestão eficiente e da política de investimentos podem ser percebidos na evolução da instituição como referência em especialidades como transplante de medula óssea, cardiologia e cirurgia cardíaca, aparelho digestivo e obesidade, oncologia, neurologia e neurocirurgia, nefrologia, ortopedia, vascular e endovascular, oftalmologia, otorrinolaringologia, pediatria e neonatologia, e ginecologia e obstetrícia.
O setor de transplantes é responsável pelo maior volume de transplantes de pâncreas no Brasil, sendo também o hospital com mais transplantes de órgãos – entre as instituições que realizam mais de dois tipos de transplantes. O Hospital Angelina Caron é um dos principais centros transplantadores no país com mais de 300 procedimentos realizados em 2017. “O HAC realizou 305 transplantes em 2017, tornando-se a instituição com mais procedimentos desse tipo realizados no estado, segundo os dados da Central de Transplante do Paraná. Esse desempenho é resultado das ações continuadas contra a desinformação, o preconceito e alguns temores que ainda envolvem a doação de órgãos, aliadas à alta tecnologia empregada no hospital, investimentos realizados nas salas cirúrgicas e à capacidade técnica e humana dos profissionais envolvidos. O número de transplantes teve aumento de 12% em 2017, se compararmos com o resultado de 2016”, acrescenta João Eduardo Nicoluzzi, coordenador da área de transplantes do Hospital Angelina Caron.