O mundo está progredindo constantemente na busca por erradicar a hanseníase. Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2016 e 2018, o número de novos casos de hanseníase relatados globalmente diminuiu em mais de 6.000. Contudo, apesar dos avanços contra a doença, o Brasil é o segundo país com mais casos novos de hanseníase no mundo – sendo Mato Grosso um dos estados que detém as maiores taxas nacionais.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) revelam que no ano de 2018 foram registrados 4.713 casos novos, correspondendo a uma taxa de detecção de 134,1/100.000 habitantes. Destes, 199 casos novos ocorreram em menores de 15 anos. As informações apontam ainda a presença de focos de infecção sem diagnóstico e de cadeias de transmissão recentes da doença.
Conforme explica a médica dermatologista Karin Krause Boneti, a hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen). “Conhecida anteriormente como lepra, a hanseníase afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, as superfícies mucosas do trato respiratório superior e os olhos. É conhecida por ocorrer em todas as idades, mas tem cura e o tratamento nos estágios iniciais pode prevenir sequelas”, comenta.
Karin pondera que a alta taxa de novos casos é reflexo de diagnósticos tardios, porém sinais podem ser observados em consulta clínica. “Entre os sintomas mais comuns da doença constam lesões cutâneas, como manchas esbranquiçadas, às vezes vermelhas ou marrons, que aparecem em qualquer parte do corpo – geralmente, nas extremidades, joelhos, cotovelos e orelhas. Tais manchas são acompanhadas pela perda da sensibilidade – seja térmica ou ao toque, por exemplo”.
A médica dermatologista complementa que também podem surgir sintomas menos específicos. “Como diminuição da força física e áreas de pele mais seca, com falta de suor e com perda de pelos, principalmente, nas sobrancelhas. Tudo isso, é claro, deve ser avaliado por um profissional. Ainda há muito preconceito em relação à doença, mas existe tratamento e possível cura. A medicação adequada depende da classificação da doença: hanseníase paucibacilar ou multibacilar”.
De acordo com Karin, pessoas que realizam o tratamento corretamente não transmitem a hanseníase. “Sem tratamento, a doença é transmitida através das vias aéreas superiores (gotículas do nariz e/ou da boca) pela convivência próxima e prolongada com indivíduos doentes. Outras questões também influenciam no contágio, como a resistência imunológica de cada indivíduo. Até então, não existe vacina para prevenir. Mas, é preciso se manter vigilante e procurar ajuda profissional o quanto antes em caso de dúvida sobre a doença”.