Uma assistência adequada ao parto, baseada em evidências científicas, consiste na adoção de uma série de procedimentos acolhedores, sem intervenções desnecessárias e, principalmente, respeitando e empoderando a mulher durante todo o trabalho de parto. Os benefícios, claro, são estendidos ao bebê durante seu nascimento.
Ao contrário do que muitos pensam, o atendimento humanizado pode ser estendido tanto para partos naturais quanto cirúrgicos. “Isso porque ele inclui uma escuta direcionada à mulher, respeitando suas escolhas. No caso do parto normal, a mãe decide como parir, onde quer o parto, qual a posição, quais métodos serão utilizados para alívio da dor”, destaca a Yara Leite, enfermeira do Hospital Bom Pastor.
Localizado na distante Guajará-Mirim, em Rondônia, e situado na divisa com a Bolívia, em plena floresta Amazônica, o Hospital Bom Pastor é uma unidade referência no atendimento à saúde indígena para mais de seis mil índios que vivem em 50 aldeias nas proximidades.
Atuando, também, como a única maternidade da região, o Bom Pastor possui estrutura para todo o processo do parto. “São cinco salas de PPP (pré-parto, parto e pós-parto), duas salas cirúrgicas, enfermarias para alojamento conjunto de parto normal e cesariana, incubadoras e berços aquecidos”, conta Geraldo Fonseca, diretor Hospitalar da unidade.
“Uma assistência humanizada esclarece todas as dúvidas da paciente, informa os riscos e benefícios de cada intervenção, deixando-a ciente e orientada sobre tudo que irá acontecer durante o atendimento, além de favorecer o contato imediato da mãe com o bebê”, complementa Yara.
Chamada de hora dourada (golden hour), a primeira hora após o nascimento é fundamental para o estabelecimento do vínculo mãe e recém-nascido, além de favorecer o processo de amamentação. É nessa hora, também, que ocorre o “imprinting”, ou seja, o recém-nascido olha fixamente nos olhos de sua mãe e a reconhece. A descoberta desse fenômeno rendeu o Prêmio Nobel de Medicina ao pesquisador Konrad Lorenz, em 1973.
A enfermeira destaca ainda que a humanização no parto “é essencial para devolver à mulher o protagonismo desse momento, evitando, principalmente, situações de violência obstétrica”.
Além de ser um dos direitos da mulher, o parto humanizado compõe diversas vantagens para saúde e vínculo da mãe e do recém-nascido, entre eles:
- Autonomia para escolher como passar pelo trabalho de parto;
- Redução dos níveis de ansiedade e estresse;
- Uso de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor como banho quente e massagens;
- Liberdade de movimentos;
- Redução dos riscos de infecção.
A portaria 596 de 1º de junho 2000, do Ministério da Saúde, que institui o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento do SUS, assegura que “toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério, e que seja realizada de forma humanizada e segura”.
Pertencente à Pró-Saúde, uma das maiores entidades filantrópicas de gestão hospitalar do país, o Hospital Bom Pastor realiza consultas, exames, cirurgias, partos e internações, com estrutura pensada especialmente para a população indígena, prestando atendimento gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), mediante contrato com o município.