Em seu primeiro ano de funcionamento, sob a gestão da FSFX, o Hospital de Cubatão (SP) já adere à campanha do Julho Amarelo, mês de divulgação e combate as hepatites virais. Como forma de contribuição, em parceria com a Prefeitura Municipal de Cubatão e a ONG Grupo Esperança, realizará uma Campanha de Detecção com Testagem Rápida para Hepatite C, para diagnóstico precoce.
Nos dias 25 e 26 de julho, 3.000 testes gratuitos estarão disponíveis para a população, sendo executados no Hospital de Cubatão, no horário de 8h às 16h. Os casos positivos receberão o tratamento especializado pelo SUS (via município) gratuitamente. Trata-se de uma terapia que cura praticamente todos os infectados e sem efeitos colaterais. Além da testagem, serão fornecidas orientações e informações de prevenção dos outros tipos de hepatites virais.
“Trata-se de doença transmitida pelo sangue contaminado e que não causa sintomas em sua fase inicial, por isso que é fundamental que a população realize o exame para o diagnóstico precoce, início do tratamento e assim evitar o agravamento da doença que pode evoluir para cirrose hepática, câncer no fígado e morte”, destaca o médico infectologista do Hospital de Cubatão e também Consultor da OMS e do Ministério da Saúde para Hepatites Virais, Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo. Ele ressalta ainda que no dia 28 de julho a OMS lançará na China a nova edição de seu Guia para o Manuseio e Terapia da Hepatite C, do qual ele é um dos colaboradores, representando a América Latina. Segundo ele “é emblemático que nesse momento a FSFX e o Hospital de Cubatão insiram-se na luta contra a hepatite C. Todos os diagnósticos são importantes na meta global de eliminação da hepatite C e nós estamos fazendo a nossa parte”.
Entendendo a doença
Estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C em todo o mundo e que cerca de 400 mil vão a óbito todo ano, devido a complicações desta doença, principalmente por cirrose e carcinoma hepatocelular.
Os mecanismos conhecidos para a transmissão dessa infecção são os seguintes:
- Transfusão de sangue e uso de drogas injetáveis: o mecanismo mais eficiente para transmissão desse vírus é pelo contato com sangue contaminado. Desta forma, as pessoas com maior risco de terem sido infectadas são: a) que receberam transfusão de sangue e/ou derivados, sobretudo para aqueles que utilizaram estes produtos antes do ano de 1993, época em que foram instituídos os testes de triagem obrigatórios para o vírus C nos bancos de sangue em nosso meio; b) que compartilharam ou compartilham agulhas ou seringas contaminadas por esse vírus como usuários de drogas injetáveis.
- Hemodiálise: alguns fatores aumentam o risco de aquisição de hepatite C por meio de hemodiálise, tais como desinfecção inadequada de todos os instrumentos e superfícies ambientais.
- Acupuntura, piercings, tatuagem, manicures, barbearia, instrumentos cirúrgicos: qualquer procedimento que envolva sangue pode servir de mecanismo de transmissão desse vírus, quando os instrumentos utilizados não forem devidamente limpos e esterilizados. Isto é válido para tratamentos odontológicos, pequenas ou grandes cirurgias, acupuntura, piercings, tatuagens ou mesmo procedimentos realizados em barbearias e manicures.
- A prática do uso de droga inalada com compartilhamento de canudo também pode veicular sangue pela escarificação de mucosa.
- Relacionamento sexual: esse não é um mecanismo freqüente de transmissão, a não ser em condições especiais. Estudos publicados na literatura científica mostram uma variabilidade de 0-3% de transmissão sexual do HCV na população geral, sem fatores de risco para Infecções Sexualmente transmissíveis. Pessoas com múltiplos parceiros ou que tenham outras doenças de transmissão sexual (como a infecção pelo HIV) têm um risco maior de adquirir e transmitir essa infecção. O relacionamento sexual anal desprotegido também aumenta o risco de transmissão desse vírus, provavelmente por microtraumatismos e passagem de sangue. No sêmen, o vírus foi encontrado em concentrações muito baixas e de forma inconstante, não suficiente para manter a cadeia de transmissão e manter a disseminação da doença.
- Transmissão vertical e aleitamento materno: a transmissão do vírus da hepatite C durante a gestação ocorre em menos de 5% dos recém-nascidos de gestantes infectadas por esse vírus. O risco de transmissão aumenta quando a mãe é também infectada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana). A transmissão do HCV pelo aleitamento materno não está comprovada.
- Acidente ocupacional: o vírus da hepatite C (HCV) só é transmitido de forma eficiente por meio do sangue. A incidência média de soroconversão, após exposição percutânea com sangue sabidamente infectado pelo HCV é de 1,8% (variando de 0 a 7%). O risco de transmissão em exposições a outros materiais biológicos, que não o sangue, não é quantificado, mas considera-se que seja muito baixo. Nenhum caso de contaminação envolvendo pele não-íntegra foi publicado na literatura.
- Transplante de órgãos e tecidos: o vírus HCV pode ser transmitido de uma pessoa portadora para outra receptora do órgão contaminado. Em cerca de 10 a 30% dos casos dessa infecção, não é possível definir qual o mecanismo de transmissão envolvido.