Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 32.701 novos casos de HIV no Brasil, em 2020. A maior incidência de casos (52,9%) foi registrada entre pessoas de 20 a 34 anos. O comportamento de risco, principalmente a falta do uso de preservativo, tem causado o aumento do número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no Brasil. Em 2018 foram registrados 158.051 casos de sífilis, sendo 62.599 em gestantes. A taxa de detecção da doença adquirida por 100 mil habitantes passou de 25, em 2014, para 75,8 em 2018.
Na luta contra o vírus HIV- Aids e outras ISTs e para promover um alerta sobre o tema, o Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI), de Goiânia (GO), promoveu uma ação, nesta quarta-feira (15), no auditório da unidade, que recebeu decoração especial. Organizada pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e Núcleo Hospitalar Epidemiológico (NHE), a ação contou com uma dinâmica de perguntas e uma palestra com a enfermeira técnica IST-Aisds e analista de saúde, Fabiana de Paula Oliveira, da Superintendência de Atenção Integral à Saúde – SAIS/SES-GO.
Fabiana falou o que são as ISTs, os mitos e verdades sobre essas infecções e suas manifestações e formas de transmissão. Alertou que algumas, se não tratadas adequadamente, podem causar infertilidade e também para a baixa cobertura vacinal do HPV, no Brasil. Ela destacou que a prevenção é o melhor remédio. “O uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), do HIV/aids e das hepatites virais B e C”, afirmou a enfermeira.
A coordenadora do NHE, enfermeira Wanda Lopes, questionou os colaboradores sobre HIV-Aids e ISTs. Os participantes que responderam as questões corretamente ganharam chocolate. A Cipa também distribuiu lacinhos vermelhos e um kit com bombom, folhetos informativos sobre as infecções e preservativos masculino e feminino para os colaboradores.
O setor de Nutrição preparou um delicioso lanche e também fez questão de lembrar aos pacientes sobre a campanha Dezembro Vermelho, oferecendo gelatina na cor símbolo do movimento, no sabor de morango.
Os participantes aprovaram a ação. “Foi muito bom. Palestra bem esclarecedora”, disse a colaboradora Maria Edimê. “Formidável! A informação nunca é demais e sempre aprendemos um pouco mais”, destacou o técnico de enfermagem, Sancley de Matos.
“Proporcionando mais informação, contribuímos com a saúde e melhor qualidade de vida dos nossos colegas”, destacou o presidente da Cipa, Júnior César Guimarães. “Como profissionais da saúde, temos a função de informar e orientar as pessoas na prevenção dessas infecções”, afirmou a coordenadora do NHE, Wanda Lopes.
Com peça de teatro, HMI chama atenção para a violência sexual contra crianças e adolescentes
Segundo dados do UNICEF e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), nos últimos quatro anos, 180 mil meninas e meninos sofreram violência sexual no Brasil. No intuito de sensibilizar e orientar os colaboradores sobre a importância do monitoramento e enfrentamento de situações como essa, o Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) realizou nesta terça-feira (14) uma apresentação teatral com o tema “Violência Sexual contra crianças e adolescentes”.
A peça de teatro foi criada pela auxiliar de enfermagem do Núcleo Hospitalar Epidemiológico (NHE), Cecília Francisca Magalhães e apresentada pelos próprios servidores da unidade. Além de Cecília, participaram a auxiliar de lavanderia, Maria Silvana da Cruz e a auxiliar de nutrição, Sarah Dalilla de Oliveira.
A história foi sobre uma criança que morava com a mãe e um tio e que vivia com pesadelos e medo, pois sofria assédio e abuso do tio, dentro de sua própria casa. Até que a mãe flagrou o assédio e chamou a polícia. No final, as três colaboradoras cantaram a música, “O seu corpo é um tesourinho” – que fala que se alguém tocar em seu corpo, não se pode guardar segredo, tem que contar para a mamãe, papai ou um professor.
Histórias como essa, de violência sexual, atingem diariamente crianças e adolescentes de todas as classes sociais, em várias idades e de diferentes formas e muitas vezes é praticada por pessoas próximas, conhecidas e até mesmo dentro da própria casa. Por isso é importante que os adultos responsáveis estejam sempre atentos.
“Foi impactante. Foi uma forma de buscarmos fortalecer os mecanismos sociais de proteção a crianças e jovens que sofreram este tipo de abuso”, falou a coordenadora do NHE, enfermeira Wanda Lopes. “É um problema grave. Precisamos agir de forma preventiva, identificar e responder às violências contra nossas crianças”, disse o biomédico, Jairo Batista da Silva. “Achei forte e de muita importância para prestarmos mais atenção aos nossos filhos e crianças próximas”, afirmou a enfermeira Karoline Nantes.
Depoimentos
Para Cecília e Maria Silvana não foi fácil atuar nessa peça, pois elas sofreram esse tipo de violência quando criança. “Perdi meus pais muito cedo, e eu e meus irmãos fomos morar com parentes. Os assédios começaram quando eu tinha 7 anos e permaneceram até meus 14 anos. Não adiantava eu contar: as pessoas não acreditavam em mim. Eu pedia em minhas orações para que as pessoas que me tocavam, morressem. Tenho me sentido mal com tantos casos de violência e essa foi a forma que encontrei para pedir aos meus colegas que tomem conta de suas crianças”, pontuou Cecília.
“Saí de casa muito nova, com 9 anos de idade, em busca de uma vida melhor. Fui morar com uma família. A dona da casa era uma pessoa maravilhosa. Seu companheiro também era uma pessoa boa, confiável, até que um dia, quando estava com 11 anos, ele abusou de mim. Aprontei um escândalo, gritei, mas não contei pra ninguém na época. Pois ele me ameaçava e eu não tinha para onde ir. Essa dor fica grudada na gente. Se a criança mudar seu comportamento com alguma pessoa, desconfie”, relatou Silvana.
Atendimento no HMI
O HMI conta com o Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (AAVVS), composto por profissionais especializados, oferecendo atendimento e acolhimento às vítimas de violência que chegam à unidade. Somente neste ano, no período de 1º de janeiro a 13 de dezembro, foram notificados 848 casos de violência, sendo 489 de cunho sexual.