O Hospital Paulista de Otorrinolaringologista decidiu manter os serviços disponibilizados pelo ambulatório especializado, inaugurado em meio à pandemia, para atender pacientes com alteração no olfato ou paladar e entender melhor os impactos da Covid-19.
O Ambulatório de Olfato, como é conhecido, tem como objetivo ampliar e qualificar o diagnóstico e o tratamento destes sintomas. Além disso, no atendimento, os pacientes são estimulados a sentir diferentes cheiros e sabores, como uma terapia para quem perdeu um ou os dois sentidos após contrair a doença.
“Na consulta, fazemos o questionário de Triagem de Olfato e Paladar (TOP) e um exame básico com um cheiro característico. Dependendo do resultado, complementamos com exames específicos, como o teste da Universidade da Pensilvânia (EUA), baseado em quatro cartelas com 40 odores diferentes. Assim, conseguimos identificar de forma precisa o tipo de cheiro que foi perdido e acompanhar, com a mesma cartela, a evolução da recuperação do paciente”, explica o diretor clínico e responsável pela área, Dr. Gilberto Ulson Pizarro.
Segundo o especialista, o ambulatório foi acelerado pela Covid-19, mas já estava sendo desenvolvido há dois anos para atender a profissionais que utilizam o olfato e o paladar como instrumentos de trabalho, como degustadores, sommeliers e perfumistas, entre outros.
“O olfato já era algo que me fascinava e ver as pessoas perdê-lo é terrível. Estamos tendo muito trabalho, mas estamos conseguindo recuperar o olfato e o paladar das pessoas. Dos pacientes atendidos, apenas 2% permanecem inalterados após o tratamento; e temos ainda 14% com sequelas. Mas conseguimos a recuperação em cerca de 84%, em um ano de ambulatório”, comemora.
Dr. Gilberto ressalta ainda que, apesar da diminuição nos casos de Covid-19 e dos avanços no diagnóstico dos sintomas, a permanência dos serviços do ambulatório é essencial porque o olfato e o paladar também são responsáveis pela segurança.
“Os dois sentidos estão intimamente relacionados. Alguns gostos podem ser reconhecidos sem a influência dos odores, porém sabores mais complexos requerem o olfato para serem identificados. Por meio deles, é possível identificar incêndios ou verificar se um alimento está estragado, por exemplo, evitando, assim, o seu consumo. O olfato e o paladar ainda nos dão prazer na alimentação e nos instiga sexualmente, ambos importantes para a qualidade de vida”, reitera o otorrinolaringologista.
Os serviços do ambulatório continuarão a ser prestados pelo Centro Médico com Subespecialidades em Otorrino do hospital.
Causas que podem levar à perda de olfato
A perda de olfato é um dos sintomas mais característicos da contaminação pela Covid-19, mas o problema pode ser consequência também de doenças como H1N1, polipose nasal e traumas na região da cabeça, além de más formações, como meningoceles e meningoencefaloceles, e tumores específicos, como o esteioneuroblastoma.
A anosmia, como é conhecida, contempla dois tipos característicos de perda olfatória: condutiva, quando a passagem de ar no nariz é impedida, como em casos de gripe e rinite; e neurossensorial, resultado do comprometimento de células específicas ou nervos que levam a informação do cheiro para o cérebro.
“Caso o problema persista por cerca de 14 dias, o recomendado é procurar um otorrinolaringologista. O paciente pode buscar diretamente o ambulatório do Hospital Paulista, onde será atendido de forma mais completa, por uma equipe multidisciplinar apta, inclusive, para procedimentos clínicos e cirúrgicos, se necessário”, explica o Dr. Gilberto.
Após o tratamento inicial da causa, se o problema persistir, ainda é possível administrar um tratamento utilizado mundialmente, conhecido como Treinamento Olfatório. “Importante saber que neste tipo de tratamento não há melhora imediata. É preciso que o paciente saiba disso, persista e não desanime ou desista. Ele deve encarar como uma fisioterapia olfatória”, ressalta.
O médico alerta, no entanto, que a prática sem o acompanhamento de um especialista não é recomendada. “O uso incorreto de produtos e essências, diretamente no nariz, sem a concentração, distância e intervalos adequados, pode prejudicar o órgão, já que alguns componentes podem ser tóxicos e levar a lesões irreversíveis”, finaliza.