No Brasil, excluindo os tumores de pele, o câncer de mama é o mais comum em mulheres, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. É também a segunda causa de morte por câncer em mulheres (depois do de pulmão). Para o ano de 2022 foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres (INCA, 2019). No Mês Nacional de Conscientização do Câncer de Mama, o Hospital Mater Dei Santa Genoveva incentiva as mulheres a tomarem medidas para ajudar a diminuir o risco de desenvolver a doença e descobri-la precocemente, quando pode ser mais fácil de tratar.
Entre os fatores de risco para o câncer de mama, a oncologista do Mater Dei Santa Genoveva, Dra. Nathalia Almeida Pinto Naves, aponta idade, obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, história familiar e histórico pessoal de lesões atípicas na mama, uso de anticoncepcional oral e terapia de reposição hormonal combinada (TRH). “Existem dados que sugerem que o uso prolongado de anticoncepcionais hormonais pode aumentar o risco relativo de desenvolver câncer de mama. Por isso, a escolha do método anticoncepcional deve ser bem discutida e avaliada pelo médico, buscando individualizar cada caso e identificar outros fatores de risco associados. O mesmo ocorre com a TRH, que pode aumentar o risco de tumores de mama, porém diminui o risco de câncer de endométrio e ovário. E a indicação deve ser feita pelo ginecologista e avaliada individualmente para cada paciente”, explica a médica.
Existem medidas que podem ajudar a diminuir o risco de desenvolver câncer de mama, como manter um peso saudável, fazer exercícios regulares e limitar a quantidade de álcool ingerido. “Estudos comprovam que o sedentarismo, isoladamente, pode aumentar o risco de câncer de mama, bem como de outros tipos de câncer, independentemente de sobrepeso e obesidade. Já uma alimentação rica em fibras, proteínas, frutas e verduras tem fator protetor, bem como uma dieta com excesso de ultra processados pode aumentar o risco”, diz a Dra. Nathalia.
A melhor maneira de detectar o câncer de mama precocemente – quando é pequeno e não se espalhou – é realizar mamografias regulares. No Brasil, recomenda-se que os exames de rastreio sejam feitos uma vez a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos, sem sinais e sintomas de câncer de mama. Caso haja suspeita, o exame deve ser feito em qualquer idade, em mulheres e homens. “Porém, as sociedades médicas nacionais e internacionais recomendam a realização da mamografia bilateral de rastreamento (rotina) a partir dos 40 anos anualmente como a forma mais eficiente para a detecção precoce do câncer de mama, nas mulheres em geral”, aponta a radiologista Dra. Marina Taliberti Pereira de Souza do Centro de Diagnóstico por Imagem, também da Rede Mater Dei.
Mulheres com implante mamário (silicone) precisam aumentar os cuidados com a saúde das mamas. “Os implantes mamários não foram associados ao aumento do risco dos tipos mais frequentes de câncer de mama. No entanto, foram associados a um tipo raro de linfoma não-Hodgkin denominado linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário, que pode se formar no tecido da cápsula ao redor do implante. Esse linfoma parece ocorrer com mais frequência em implantes com superfícies texturizadas do que com superfícies lisas. É aconselhável realizar consultas e exames periódicos com o mastologista quando a mulher tiver implantes mamários”, alerta a Dra. Marina.
A radiologista reforça que o sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, porém existem outros sinais suspeitos de doença, como inversão ou descamação do mamilo, presença de secreção clara ou sanguinolenta pelo mamilo, inchaço e vermelhidão da mama, retração da pele da mama, linfonodos (ínguas) axilares salientes. “É importante que a mulher conheça suas mamas e se perceber qualquer diferença nelas deve procurar um mastologista”, afirma. No entanto, na maioria dos casos a paciente não apresenta sintomas nenhum. “Podemos apresentar câncer de mama detectados a partir de microcalcificações, que geralmente são impalpáveis no exame físico, e por isso o exame mamográfico de rotina associado ao exame pelo médico é tão importante”, diz a Dra. Marina.
De acordo com a oncologista Nathalia Almeida Pinto, a decisão do tratamento deve ser individualizada, de acordo com o tipo, tamanho do tumor e condições clínicas da paciente. Pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e outras drogas-alvo, pois existem quatro principais subtipos de câncer de mama, divididos de acordo com a expressão de receptores hormonais e da proteína HER 2. “Nem toda mulher precisa passar por uma mastectomia, por exemplo. A depender do caso, pode ser feita a cirurgia conservadora, onde se retira apenas um segmento da mama”, esclarece a Dra. Nathalia. Outros tratamentos comuns são a quimioterapia e a radioterapia, mas a indicação deve depender sempre da avaliação do oncologista clínico.