Hospital Sírio-Libanês reforça Departamento de Oncogenética para estudar casos de câncer hereditário

Alguns tipos de câncer têm possível influência hereditária, como é caso de tumores de mama, ovário, próstata, intestino, estômago, tireoide, melanoma, entre outros. O conhecimento prévio da predisposição para aqueles tipos de câncer, poderá estimular a mudança de hábitos de vida dos indivíduos portadores e, por meio de um plano de exames periódicos, detectá-lo precocemente, aumentando consideravelmente as chances de cura.

Existe uma área específica da medicina para investigar esses casos. Trata-se da Oncogenética, que trabalha com o mapeamento genético familiar. No Hospital Sírio-Libanês, o Departamento de Oncogenética foi criado em 2008 e, desde então, já fez registros de 1.750 famílias, o que engloba cerca de 40 mil indivíduos. Esse grande banco de dados está sendo sistematizado e, assim, permitirá uma série de estudos sobre o tema.

Para coordenar o Departamento de Oncogenética e esse banco de dados, o Hospital Sírio-Libanês acaba de contratar a médica geneticista Maria Isabel Achatz para coordenar o Departamento de Oncogenética. Ela se juntará ao Dr. Benedito Mauro Rossi, pesquisador e cirurgião oncológico, e à Dra. Renata Sandoval, geneticista que atua no Sírio-Libanês de Brasília, além da enfermeira Erika Santos, que está no Departamento desde a sua criação e foi quem iniciou o banco de dados e organizou todos os fluxos necessários para o trabalho.

Ph.D e M.Sc (Mestre e Doutora) em Oncologia, Maria Isabel terá como função principal coordenar o atendimento dos paciente com alto risco para o câncer e seus familiares, além de estabelecer novas parcerias na pesquisa científica sobre as síndromes de predisposição ao câncer. Uma das primeiras ações será criar um sistema de coleta de amostras de todas as pessoas que passarem no Departamento de Oncogenética. “Com isso, teremos o maior banco de dados sobre casos de câncer hereditário”, explica ela.

Dra. Maria Isabel, que antes de vir para o Sírio-Libanês trabalhou como investigadora principal do Clinical Genetics Branch, Division of Cancer Epidemiology and Genetics, do National Cancer Institute, National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, mantém sua posição de Pesquisadora Adjunta do NIH e vai estabelecer a parceria de pesquisa com o HSL. A médica explica que explica que é fundamental avaliar se existe predisposição hereditária em pacientes que já tiveram câncer. Deve-se buscar informações sobre outros parentes que já tiveram câncer, buscando detalhes sobre o histórico familiar. A ocorrência de vários casos de câncer em uma mesma família pode ser um sinal. Observar também a idade em que essas doenças surgiram é outro importante indicador. “Pessoas jovens acometidas por determinados tipos de câncer é um fator de alerta”, afirma.  Mesmo sem histórico familiar, jovens que apresentarem alguns tipos de câncer, como por exemplo o câncer de mama antes dos 45 anos, independente de outros cânceres terem ocorrido na família, devem ser avaliadas pela Oncogenética.

Para realizar o mapeamento genético familiar, os médicos solicitam coleta de sangue, saliva ou células da mucosa da boca, e realizam um exame de sequenciamento genético para identificar se existem alterações que possam explicar o alto risco para o câncer no paciente ou em sua família.  Além disso, podem usar programas específicos para avaliar a predisposição de determinado indivíduo. Uma informação importante, alerta a médica, é que, quando existe um forte histórico familiar, o valor dos testes pode ser reembolsado pelo convênio médico em alguns casos graças a uma portaria do Ministério da Saúde de novembro de 2012.

Com o resultado do teste, o médico elabora um programa individualizado de prevenção para cada paciente, com exames e medicamentos específicos, dependendo do tipo de predisposição que a pessoa tem, e também sugere mudanças de hábitos de vida, o que ajuda a reduzir o risco.

Redação

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