Uma análise do estado da imunização de rotina em 57 países de baixa renda apoiada pela Gavi, The Vaccine Alliance mostra que a pandemia de Covid-19 continuou a atrasar as vacinações em 2021, mas os sinais de recuperação estão começando a surgir.
O levantamento recém-divulgado aponta que a cobertura vacinal básica em países de baixa renda caiu um ponto percentual, para 77%, após uma queda de quatro pontos percentuais em 2020, o primeiro ano da pandemia. O número de crianças com dose zero, que não receberam uma única dose de vacinas básicas, subiu pelo segundo ano consecutivo para 12,5 milhões.
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O declínio geral desde 2019 é impulsionado principalmente por países maiores, como a República Democrática do Congo – que, após uma forte trajetória de crescimento nos anos anteriores, passou de vacinar 73% das crianças em 2019 para 65% em 2021 – e a Índia, que caiu de um alto nível de cobertura de 91% para 85%. A República Popular Democrática da Coreia, Mianmar e Moçambique sofreram grandes declínios na cobertura em 2021.
“Ocultar-se por trás desses números é uma tragédia humana em grande escala”, disse o Dr. Seth Berkley, CEO da Gavi, The Vaccine Alliance. “Milhões de crianças perderam vacinas que salvam vidas, deixando-as vulneráveis a algumas das doenças mais mortais do mundo. A Gavi continuará lado a lado com os países para colocar a imunização de volta nos trilhos, porque nenhum pai deve sofrer a perda de seu filho devido a uma doença evitável”.
No entanto, em outros lugares há sinais de recuperação emergindo. Um terço, ou 19 dos 57 países analisados, aumentou a cobertura vacinal em 2021. Chade e Níger aumentaram a cobertura durante o período de pandemia de 2019-2021, reduzindo o número de crianças com dose zero em 16% e 20%, respectivamente. Já o Paquistão teve uma forte recuperação em 2021 e reduziu o número de crianças com dose zero em mais de 400.000, trazendo os números de volta aos níveis pré-pandemia.
“Esta análise representa uma avaliação muito séria do impacto que a pandemia continua a ter na imunização de rotina essencial”, disse Anuradha Gupta, vice-presidente da Gavi, The Vaccine Alliance. “Esperava-se que em 2020 os lockdowns e outras interrupções custassem caro e, em 2021, mais da metade dos países implementadores da Gavi aumentaram ou mantiveram a cobertura – trabalhando duro para restaurar e recuperar os serviços de imunização. No entanto, é claro que alguns países estão demorando mais do que outros. Outro desafio será o aumento de coorte de nascimento na África, o que significa que os programas de imunização nesta região precisarão acelerar continuamente para manter e expandir os níveis de cobertura. Devemos usar esses insights para fornecer suporte personalizado aonde for mais necessário: isso significa aprender com esses países, como o Chade ou Paquistão, que demonstraram um forte progresso, e entender melhor por que outros países podem estar ficando para trás.”
A análise, feita pela Gavi, The Vaccine Alliance, usou dados das recém-publicadas Estimativas da Cobertura Nacional de Imunização da OMS/UNICEF (WUENIC) para examinar o estado da imunização de rotina nos 57 países de baixa renda apoiados pela Gavi.
Outros insights importantes incluem:
- Desde a sua criação em 2000 até o final de 2021, a Gavi ajudou a imunizar mais de 981 milhões de crianças com vacinas de rotina, ajudando a reduzir pela metade a mortalidade infantil em 73 países de baixa renda.
- Incluindo as vacinas Covid-19, os países de baixa renda administraram mais vacinas em 2021 do que em qualquer ano da história. Em 2021, os países que receberam o apoio da Gavi administraram vacinas de rotina a 65 milhões de crianças. Além disso, os 57 países atualmente apoiados pela Vaccine Alliance administraram mais de 2 bilhões de vacinas Covid-19.
- Os países afetados por conflitos tiveram um declínio menor na cobertura vacinal do que outros, com os 12 países classificados como tal pela Gavi mantendo a cobertura em 67% ao longo de 2021.
- A cobertura da vacina contra o rotavírus, a segunda dose da vacina contra o sarampo e a vacina pneumocócica conjugada em países de baixa renda aumentou desde 2019, apesar da pandemia.
- No entanto, o fechamento de escolas e problemas de abastecimento contribuíram para um grande declínio na cobertura da primeira dose da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), que protege contra o câncer do colo do útero. Globalmente, apenas 12% das meninas agora recebem essa vacina crucial.
- A demografia continua a causar desafios aos programas de vacinação de rotina. A coorte de nascimento nos países apoiados pela Gavi na África aumentou 1,2 milhão entre 2019 e 2021, o que significa que os programas de imunização precisam atingir mais crianças a cada ano apenas para manter os níveis de cobertura.
Após dois anos de crise de saúde global sem precedentes, a Gavi, The Vaccine Alliance trabalhará agora para a recuperação em países de baixa renda – com foco em restaurar a cobertura aos níveis pré-pandêmicos e expandir ainda mais – especialmente em crianças com dose zero. Isso significará estratégias personalizadas direcionadas para alcançar e recuperar consistentemente crianças perdidas; encontrar oportunidades para integrar a vacinação de rotina e outros serviços de atenção primária à saúde com a vacinação contra Covid-19; e antecipar-se a surtos concentrando atuação junto às populações não vacinadas com gargalos de imunidade.
Juntamente com os investimentos em assistência técnica por uma gama diversificada de parceiros, introduções de vacinas e atividades complementares de imunização, a Gavi dedicará mais US$ 2 bilhões ao fortalecimento dos sistemas de saúde para melhorar a oferta de imunização entre 2021 e 2025. Desse valor, US$ 500 milhões serão focados em alcançar crianças com dose zero e comunidades isoladas – promovendo novas parcerias para reduzir a desigualdade, proteger mais vidas e construir sistemas de saúde resilientes.