Infectologista afirma que varíola do macaco tem menor transmissibilidade e não costuma causar sequelas graves

Os brasileiros têm acompanhado com certa preocupação as notícias a respeito dos novos casos de varíola advinda do macaco. A doença teve início no continente africano e, no fim de maio, surgiu um caso suspeito em Santa Catarina. Conforme a médica infectologista do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca, o vírus é da mesma família do que causava a varíola e que já foi extinta.

“Hoje temos esse novo vírus, que, na verdade, nem é mais prevalente em macacos, mas sim em pequenos roedores da África. Em humanos, são causadas infecções que lembram a varíola, mas se trata de uma doença mais tranquila que causa febre, dor no corpo, aparecimento de gânglios e bolhas na pele, que iniciam no rosto e se espalham para as palmas das mãos e plantas dos pés”, disse Silvia.

De acordo com a médica, os sintomas duram de uma a duas semanas e costumam passar sem deixar nenhuma sequela grave, apenas lesões, que podem deixar marcas após a cicatrização, da mesma forma que também ocorria com a varíola e ocorre com a catapora. Conforme a infectologista, o que chama a atenção é que os primeiros casos descentralizados surgiram na Europa e, também, nos Estados Unidos, em pessoas que não viajaram e nem tiveram contato com outras infectadas.

Silvia ainda lembra que a transmissão do vírus não ocorre de maneira muito fácil, como no caso da Covid-19, mas se dissemina, principalmente, pelo contato físico e gotículas no ar. “Não há Cotivo para pânico, pois os casos ainda estão restritos, com um número de mortalidade muito baixo”, disse. A novidade é que já existem vacinas e remédios desenvolvidos para a doença. Uma das formas de se prevenir ainda é usar máscara, álcool em gel e não compartilhar objetos de pessoas infectadas.

Dermatologistas divulgam nota com esclarecimentos para a população brasileira sobre a doença 

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com auxílio de seu Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias, divulgou, nesta quinta-feira (2), uma nota de esclarecimento para a população sobre a varíola de macaco. Até o momento não foram notificados casos no Brasil, no entanto, para a entidade, é importante reforçar junto às pessoas a necessidade de cuidados e de respeito às medidas de vigilância sanitária.

LEIA A INTEGRA DO ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO

No documento, a SBD oferece aos leitores informações sobre a varíola do macaco, que se trata de uma infecção viral considerada zoonose, pois é transmitida, em geral, por contato com animais provenientes de florestas africanas, tais como roedores e macacos.

Os especialistas ressaltam que essa doença tem semelhança no quadro clínico com a varíola humana, erradicada por volta dos anos 1980. No entanto, recentemente, tem sido relatado um número aumentado de casos fora do continente africano, ao mesmo tempo e em diversos países, fugindo do contexto registrado no passado. Os últimos dados apontam a existência de mais de 130 casos em 19 países fora do continente africano, com 100 pessoas estão em investigação.

Transmissão – Sobre as formas de contaminação, a SBD esclarece que as vias principais são as mordidas de animal ou a manipulação de espécimes já infectados. Há relatos de surtos com transmissão entre humanos, o que, segundo a Sociedade, envolve a necessidade de contato próximo, em geral, de formas direta (com fluidos corporais) ou indireta (com pertences de doente). No entanto, ambos de baixa infectividade.

A SBD chama a atenção para alguns fatos que estão sendo investigados. O primeiro deles é de que, em alguns países, os pacientes não tinham estado no continente africano e negavam contato com animais doentes, mas, haviam tido passagem por áreas com aglomeração ou favoráveis ao contato direto de pessoas. Também foi registrado predomínio de casos envolvendo homens que fazem sexo com homens. Isto levantou dúvida sobre a possibilidade de contágio ter ocorrido por via sexual.

Conforme esclarece o documento da SBD, a manifestação clínica dessa doença ocorre através de lesões de pele. Inicialmente, surgem pequenas bolinhas que rapidamente se transformam em bolhas com pus. Ao romperem, elas formam crostas que caem permanecendo como pequenas feridas. Há registros de outros sinais, como febre, mal-estar, ínguas (gânglios aumentados), dor de cabeça e dor no corpo.

Infecções – Após o contato, a nota esclarece que os sintomas podem surgir entre seis a 14 dias, podendo levar até 21 dias. Raramente, complicações ocorrem, mas, infecções bacterianas secundárias e o acometimento cerebral (encefalite) devem ser observadas. Com relação ao diagnóstico, o documento da SBD explica que ele pode ser feito ser suspeitado a partir de histórico de viagem para locais onde a doença tem maior ocorrência ou por contato com animais e pessoas doentes de forma semelhante.

Finalmente, o documento produzido pela SBD propõe algumas medidas de prevenção. Entre eles a veiculação de alertas sonoros nos aeroportos para que os viajantes sejam conscientizados sobre a doença. Além disso, foi também recomendado às autoridades sanitárias brasileiras uma ação contínua para controle de eventuais casos suspeitos para que haja investigação e vigilância epidemiológica dos contatos e afastamento das pessoas até a recuperação (em geral até 3 semanas).

“Por se tratar de doença com manifestação cutânea, a SBD, por meio de seu Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias, está atenta à evolução desse problema de saúde pública com objetivo de manter profissionais da saúde e população adequadamente orientados e evitar situações de pânico”, declarou o coordenador do Departamento, Egon Daxbacher.

Redação

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