A evolução dos instrumentos de investigações laboratoriais tem contribuído para resultados mais precisos e precoces para o tratamento da anemia. Este foi o assunto que pautou o painel ‘Abordagem Clínico Laboratorial da Anemia na Doença Renal Crônica’, realizado ontem, 24, segundo dia de programação da II Sysmex Week – série de palestras virtuais direcionada aos profissionais das áreas médicas e de análises clínicas, para ampliar conhecimentos e verificar as possibilidades tecnológicas para diagnósticos mais assertivos.
Conduzindo o tema ‘Investigação das anemias na doença renal crônica (DRC)’, a Nefrologista do Hospital do RIM, Dra. Cinthia Montenegro Teixeira, apresentou um panorama dos processos diagnósticos, desde a fisiopatologia da doença em pessoas portadoras da DRC, às opções terapêuticas com um breve histórico da evolução médica aos parâmetros atuais no Brasil, destacando o nível de precisão de indicadores como Hemoglobina, RET-He, Ferritina e IST (Índice de Saturação da Transferrina).
“Os parâmetros mais modernos deveriam ser aqueles acurados, que dariam melhor predição de resposta ao uso do ferro e seus derivados, que a gente pudesse ajustar de acordo com aquilo que está acontecendo no momento (método real time), menor variabilidade clínica, ser reprodutível, e ter relativamente baixo custo. Com esses novos parâmetros, a gente tem possibilidades relacionadas a exames hematológicos e bioquímicos, sendo o RET-He o mais conhecido e mais estudado nessa população”, afirmou a Dra. Cinthia. A especialista também apontou que a anemia na DCR é multifatorial e relacionada a gravidade do caso e que os marcadores mais modernos podem auxiliar na administração do problema.
Focando na parte mais laboratorial do diagnóstico de anemia, principalmente ferropriva e de doença crônica, a Consultora em Hematologia Laboratorial, Silvia Martinho, evidenciou na palestra ‘Tecnologia de valor como aliada do laboratório a partir dos parâmetros clínicos avançados do hemograma’, a relevância do hemograma automatizado, apresentando as fases da Eritropoiese (processo que envolve a produção e maturação de hemácias) e como podem surgir problemas de anemia em cada etapa. “Hoje, a informação que podemos ter é muito mais ampla para a avaliação do clínico”, ressaltou.
Na apresentação, Silvia citou a importância da contagem de reticulócitos automatizada e das aplicações dos parâmetros reticulocitários, obtidos por Citometria de Fluxo Fluorescente, como indicadores da atividade medular e auxiliares no diagnóstico e tratamento das anemias.
“O parâmetro IRF – fração de reticulócitos imaturos é um parâmetro muito precoce para a informação sobre a recuperação medular. É mais precoce que a contagem de neutrófilos absolutos e de plaquetas. Assim, rapidamente é possível ter a constatação de como a medula está reagindo, como está se portando depois de um transplante de medula óssea, de um transplante renal e do tratamento da anemia”, explicou.
Entre as vantagens do IRF, a especialista destacou a antecipação de informações, a identificação de células em diferentes níveis de maturação e o acompanhamento da atividade medular em tempo real.
Na exposição, ela também ressaltou a importância da utilização do RET-He como indicador precoce para apontar a anemia por deficiência de ferro e como auxiliar na diferenciação da anemia de doença crônica.
Para completar a noite e reforçar algumas das questões apontadas nas explanações anteriores, o Assessor da Direção da Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas/FMUSP, o médico patologista clínico, Dr. Marcelo Faulhaber, conduziu a palestra’ A evolução do diagnóstico laboratorial nas anemias vai além dos parâmetros clássicos – benefícios do Ret-He’ e salientou a evolução dos métodos diagnósticos, ressaltando as melhorias e os benefícios tanto para os profissionais quanto para os pacientes.
“Mais recentemente, no século XXI, surgiu um novo índice chamado de ‘Conteúdo de Hemoglobina dos Reticulócitos’, mais conhecido como RET-He, medido dentro da análise automática de reticulócitos. Esse parâmetro tem a vantagem de se correlacionar muito bem com o ferro no paciente, sem ser influenciado pelas suas condições clínicas, sejam homeoplasias, sejam processos inflamatórios generalizados”, evidenciou o médico após apresentar um breve histórico dos avanços laboratoriais no diagnóstico da anemia. O especialista relatou procedimentos de análises laboratoriais e alguns casos, como exemplo.
Nesta quarta-feira (25) estão programados dois painéis: ‘O exame de urina como ponto de partida para a interface entre médico e laboratório’, com palestras do Consultor para Urinálise da Controllab e Prof. da Escola de Saúde da Unisinos, Dr. José Antonio Tesser Poloni e da Nefrologista na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Dra. Elizete Keitel; e ‘Abordagem clínico-laboratorial das doenças renais crônicas’, com exposições do Chefe da Equipe de Nefrologia e Transplante do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e Professor Livre-Docente FMUSP, Dr. João Egídio Romão Jr. e Gerente Técnico/ Científico no Tommasi Laboratório, José Robson Venturim.
O II Sysmex Week é um evento gratuito e acontece entre os dias 23 e 26. Para inscrições e mais informações acesse www.sysmexweek.com. No final, haverá emissão de certificado aos participantes.