O Instituto de Radiologia (InRad-HCFMUSP) está desenvolvendo um estudo que vai contribuir para diagnósticos mais precisos de doenças arteriais coronárias (DAC), que é uma das maiores causas de morte no mundo.
A pesquisa, que está em fase clínica, é feita com o uso do radiofármaco 13N-amônia, uma substância radioativa que funciona como uma espécie de contraste nos exames de PET-CT cardíacos, sem efeitos colaterais. O PET-CT é um procedimento diagnóstico que combina a medicina nuclear e a tomografia computadorizada em um mesmo exame para obter informações mais exatas e detectar “lesões ocultas” aos exames radiológicos.
Os testes com o radiofármaco 13N-amônia foram conduzidos pelo InRad no Cíclotron – um dos únicos aceleradores de partículas de grande porte no Brasil ou América Latina, que produz isótopos radioativos de curta duração. Essas partículas podem marcar diversas substâncias no corpo como o açúcar (glicose), proteínas e mesmo amônia para proporcionar um resultado de exame altamente preciso.
Segundo Carlos Alberto Buchpiguel, diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do InRad, este estudo vai revelar quanto que o coração e os vasos coronários com placas obstrutivas têm de reserva para manter o fluxo de sangue adequado mesmo em situações de estresse. “Quanto maior a reserva de fluxo, menor a necessidade de intervir em uma determinada placa coronariana”.
O uso de amônia resulta em maior assertividade para o diagnóstico e tratamento da doença coronária devido a sua capacidade de quantificar o grau de comprometimento de fornecimento sanguíneo causado por uma determinada placa obstrutiva na artéria coronária. “Este recurso de imagem utiliza uma técnica com grande precisão para a detecção de doença arterial coronariana”.
O especialista destaca também a importância da descoberta para os sistemas de saúde, que estão sempre em busca de exames de imagem que agreguem maior valor diagnóstico com menor custo efetivo. “O uso do PET-CT cardíaco está se expandindo rapidamente no mundo e vem se tornando um dos principais pilares da imagem cardíaca pela alta precisão, segurança e eficiência”.
A pesquisa está na fase clínica e o próximo passo é a solicitação dos órgãos reguladores para autorização clínica do uso deste biomarcador.