Nesta terça-feira (18) o 11º Seminário UNIDAS, que debate sobre Atenção Integral à Saúde no contexto da pandemia, trouxe discussões sobre a importância da interface entre os níveis de atenção à saúde para o cuidado integral. O evento virtual conta com recorde de inscritos – mais de 2 mil e vai até sexta-feira (21). A abertura do segundo dia de seminário foi realizada por Werner Dalla, diretor de Integração da UNIDAS, que falou sobre a importância das discussões diante do cenário atual e sobre a integração dos sistemas: “Nós devemos pensar que fazemos parte de um sistema e não podemos pensar nas operadoras de forma isolada, sem considerar a importância da integração entre elas”
O médico e gerente executivo da Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil (CASSI), Paulo Rogério Affonso, iniciou os debates falando sobre a importância da organização do cuidado em redes de atenção. “A transição que a gente vive é bastante importante e nas autogestões já temos cenários que o Brasil vai enfrentar lá em 2050, como o envelhecimento populacional. Temos que lidar com todas as condições, agudas, crônicas e triplas cargas de doenças. A todo momento eu tenho que ter o olhar para essa população”, explicou.
O especialista abordou a importância de criar um modelo de atenção integral focado na sustentabilidade do setor e que agregue valor ao participante: “Como eu posso agregar valor em um sistema fragmentado, orientado por componentes isolados, reativo, que tem ênfase em ações curativas e é financiado por procedimentos? A melhor maneira de fazer isso é trabalhar o conhecimento da população, já que 50% dos determinantes da saúde estão relacionados aos hábitos dessa população”.
De acordo com Paulo, também é fundamental realizar a estratificação da população para um melhor monitoramento e acompanhamento, trazendo o exemplo do programa aplicado na CASSI. “A estratificação das pessoas usuárias por estratos de risco é um elemento central na gestão populacional. “É essencial entender que tipo de intervenções devemos fazer para cada um deles. É preciso identificar essas necessidades para traçar uma trajetória terapêutica pelo sistema de saúde”, destacou.
Para finalizar, o médico falou sobre como a Covid-19 trouxe uma oportunidade para o sistema de aceleração da telemedicina e a importância de sua regulamentação. “A telemedicina pode ser um grande potencializador na organização das redes de atenção integral à Saúde”.
Ao final do debate, o médico acrescentou que a bandeira do modelo de atenção integral à saúde deve continuar não só pelas questões técnicas envolvidas no processo, mas pela diferença que ele faz para os beneficiários e cidadãos brasileiros. Ainda segundo o especialista, as autogestões, pioneiras em APS, devem continuar trabalhando com esse modelo justamente por serem indutores da rede de prestadores. Elas têm o ‘poder’ de induzir o mercado de saúde para esse sistema, mesmo com desafios de interesses econômicos do setor.
Em seguida, foi a vez do diretor da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Rodrigo Aguiar, falar sobre a importância da atenção primária para o cuidado integral, trazendo como exemplo um programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde da própria agência reguladora para as operadoras. Entre os objetivos do programa estão garantir acesso à rede de prestadores de serviços de saúde, qualidade de atenção à saúde e a experiência do beneficiário. “O objetivo é que com a APS a gente tenha mais eficiência, com a coordenação de uma equipe multidisciplinar, onde o paciente é o foco do cuidado”, explicou o diretor. O especialista também falou sobre o atual cenário diante da pandemia e sobre os desafios que o Programa de atenção primária da ANS está enfrentando novos desafios, foi preciso fazermos alguns ajustes para que ele pudesse ser aplicado no ambiente virtual.
Para finalizar as apresentações, Diana Martins Barbosa, gerente de Faturamento e Contratualização na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) deu continuidade na discussão sobre a importância da interface entre os níveis de atenção e também falou sobre os desafios para a gestão pública. De acordo com Diana, a necessidade da saúde preventiva é um desafio não só no Brasil, mas mundial.
“Em essência, a rede de atenção à saúde é um conjunto de serviços de saúde que precisam ter um objetivo em comum”. Como motivos para atuar em rede, a especialista trouxe fatores como a tripla carga de doenças, a fragmentação dos sistemas e a pouca tecnologia com o objetivo de conectar esses pontos de atenção, além de falar sobre a importância do trabalho integrado e contínuo.
Como um dos desafios para implantar uma rede de atenção, a especialista menciona a linguagem única assistencial: “É preciso ter uma linguagem única assistencial, onde os profissionais dos pontos de atenção conversem entre si e atuem de forma complementar”.
Diana também apresentou as etapas para a modelagem das Redes de Atenção à Saúde utilizadas em Minas Gerais que envolveram desde a análise da situação de saúde da população até a modelagem dos níveis de atenção (primária, secundária e terciária à saúde) e finalizou falando sobre os desafios para implantar a RAS. “Os principais desafios desse sistema passam por fatores como integração, estruturação do formulário eletrônico, ampliação do rol e o conhecimento da população”, finalizou.
O gerente nacional de saúde da Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda (ASSEFAZ), Thiago Isola Braga, fez a mediação durante as apresentações, além de mediar os debates.
Prêmio UNIDAS
No final do evento, houve a apresentação do trabalho da médica coordenadora do Núcleo de Custos Assistenciais e Especialidades da Qualirede, Sandra Rocco, que recebeu o Prêmio UNIDAS em 1º lugar com o título “Fraturas de úmero ou rádio distal como alerta para fraturas de colo de fêmur ou coluna, estudo de coorte retrospectiva em um plano com abrangência estadual em Santa Catarina”. A mediação e entrega do prêmio ficou por conta da ex-diretora de Treinamento e Desenvolvimento da UNIDAS, Priscilla Vieira.
11º Seminário UNIDAS – Atenção Integral à Saúde
Devido à pandemia da Covid-19, o tradicional evento está sendo realizado pela primeira vez de forma virtual, seguindo todas as orientações dos órgãos de saúde nacionais e internacionais. O seminário, que tem o que há de mais moderno em tecnologia, começou ontem e vai até sexta-feira, com discussões sobre interface entre os níveis de atenção primária, secundária, terciária e quaternária; gestão de saúde corporativa no cuidado da saúde integral; tecnologia leve como inovação e o uso da tecnologia na humanização do cuidado
Mais informações sobre as próximas discussões e palestrantes podem ser encontradas no link.