Investimento e capacitação são essenciais contra incêndios em instituições de saúde

Foto: Antonio Purcino

O ano de 2019 foi marcado por uma série de incidentes de incêndios em hospitais do país. Foram 26 vítimas fatais — 22 delas na tragédia do Hospital Badim, no Rio de Janeiro. Na avaliação de especialistas reunidos no workshop “Prevenção e combate a incêndios em estabelecimentos assistenciais de saúde”, realizado na última quinta-feira (12), investimentos e capacitação são fundamentais para evitar esse tipo de sinistro.

Promovido pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA), o evento contou com a participação de referências na área de prevenção contra incêndios, que discutiram aspectos práticos e legais sobre essa questão. As atividades ocorreram no Hospital Ernesto Dornelles, na capital gaúcha.

“Esse tema tira o sono de muitos gestores. Temos de trabalhar profundamente pela segurança de nossos pacientes, colaboradores e todos aqueles que circulam nas instituições”, afirmou o vice-presidente da entidade, Odacir Rossato, na abertura do encontro. Para o coordenador do Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho do Sindicato, Rober Vagner Martins, um aspecto essencial em situações de emergência é a educação. “De que adianta termos as instalações necessárias sem pessoas preparadas para agir nesses casos?”, questionou.

O projeto da NBR 16.651, que estabelece normas de proteção contra incêndios em estabelecimentos de saúde, foi discutido pelo coronel da Brigada Militar Sérgio Pastl, no primeiro painel do workshop. Abordando casos ocorridos no exterior e as legislações de outros países, ele concordou que é preciso avançar na educação sobre o tema. “Nosso problema não é normativo. O Hospital Badim estava com alvará em dia”, afirmou.

Capitão do Corpo de Bombeiros do RS, Rafael de Oliveira Jaques Jardim apresentou a segunda palestra do evento, que versou sobre os desafios para atender à Lei Kiss. Em vigor desde 2014, a legislação trouxe novas exigências para a prevenção de incêndios. “Hoje a principal dificuldade é a execução das medidas aprovadas no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). Muitos hospitais do Estado não têm recursos, e os prédios são antigos”, disse. O oficial elencou medidas para mitigar riscos, como treinamento periódico e plano de contingência integrado com o poder público.

Com mais de 60 anos de experiência em segurança contra incêndios, o engenheiro químico Claudio Alberto Hanssen ministrou o último painel do evento. Para ele, só existe uma maneira de garantir tranquilidade nas instituições: com atividades de capacitação. “O segredo está em que o estabelecimento tenha estrutura para controlar o fogo nos primeiros minutos em que surgir. E como se consegue isso? Com treinamento”, ressaltou. Encerrando as atividades, os palestrantes participaram de uma mesa redonda, respondendo questões do público. O debate foi mediado por Sérgio Maciel, engenheiro de Segurança do Trabalho do Hospital de Clínicas.

Redação

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