Má alimentação durante gestação pode interferir no desenvolvimento facial da criança

Muitas pessoas acreditam que a causa de dentes tortos em crianças está relacionada ao uso da mamadeira, da chupeta ou até mesmo ao hábito de chupar o dedo ou roer as unhas. Há também quem defenda ser apenas uma questão de fator hereditário (herdou o tamanho dos dentes da mãe e o tamanho da boca do pai, por exemplo). O que poucos desconfiam é que a culpa pode estar numa deficiência na alimentação da mamãe desde as primeiras semanas de gestação, ou na fase de amamentação do bebê, ou ainda durante a infância e crescimento inicial.

De acordo com a Dra. Vivian Farfel, especialista em odontopediatria, ortopedia e ortodontia, problemas de má oclusão, como dentes apinhados ou desarmonia entre os maxilares inferior e superior, têm se tornado muito comum nos tempos atuais, na população em geral, devido ao estreitamento facial decorrente de uma dieta cada vez mais pobre, tanto em densidade quanto em nutrientes, principalmente durante o nosso período de formação e desenvolvimento.

Estudos indicam, por exemplo, que uma ingestão deficiente de uma vitamina lipossolúvel denominada Fator X, também reconhecida como vitamina K2-MK 4, entre a sexta e a nona semana de gestação, pode prejudicar o desenvolvimento correto da face. “Isso porque as proteínas dependentes da vitamina K2 concentram-se na cartilagem do septo nasal. Ou seja, se faltar vitamina K2, haverá uma calcificação prematura desta cartilagem, provocando uma falta de desenvolvimento do maxilar superior e, por consequência, uma face mais estreita”, explica a especialista.

Para ela, as descobertas apontam para a importância da preparação para a gravidez com alimentos ricos em nutrientes, a fim de acumular reservas para as primeiras semanas críticas do desenvolvimento fetal.

Entre os alimentos ricos em vitamina K2-MK 4, a Dra. Vivian recomenda ingestão de alimentos de origem animal como carne, leite, ovos e gordura de animais criados no pasto e alimentados exclusivamente com capim.

A especialista também explica que, “infelizmente, animais criados comendo qualquer coisa que não seja capim, fazendas industriais, alto uso de antibióticos em rações para animais e em humanos, animais alimentados com milho e soja transgênica, depleção do solo, uso de glifosato, alimentos processados e disfunção do intestino são responsáveis pela deficiência moderna e generalizada de vitamina K2 MK-4.”

Ao longo das últimas centenas de anos, os humanos modernos mudaram de uma dieta dura e densa em nutrientes para uma dieta muito macia e pobre em nutrientes. Nossos músculos da mastigação agora têm que fazer muito menos esforço e, portanto, são muito mais fracos. Estamos superalimentados, mas desnutridos.

“A medicina tem avançado cada vez mais no diagnóstico e tratamento de muitas doenças. Mas precisamos também avançar na conscientização de que muitos problemas podem ser evitados, ao adotarmos os cuidados necessários”, conclui a Dra. Vivian.

Redação

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