A utilização de bancos de sangue em cirurgias é amplamente praticada em todo o mundo. Embora a solução seja eficaz e ajude a salvar muitas vidas, existe uma alternativa que se apresenta com resultados ainda mais seguros e com bom custo benefício: a autotransfusão sanguínea. Uma pesquisa realizada no final de 2020* com cirurgiões cardiovasculares de todo o Brasil evidencia o crescente interesse da classe médica pela utilização da técnica, com mais de 95% dos médicos entrevistados demonstrando preferência pela autotransfusão em detrimento da utilização de sangue doado, quando existe opção de escolha.
Segundo os resultados apresentados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e pela LivaNova, empresa global de tecnologia e inovação médica e produtora do equipamento XTRA para autotransfusão, mais de 85% dos cirurgiões já utilizaram a técnica em operações, e mais de 90% consideraria usar a autotransfusão em cirurgias. Além de auxiliar na resolução de problemas como a falta de sangue nos bancos, que se acentuou durante a pandemia, a autotransfusão traz muitos benefícios, como diminuir o tempo de internação e diminuir o risco de contaminação, já que, no processo, o paciente recebe seu próprio sangue, limpo e filtrado, que seria perdido durante a cirurgia. “A autotransfusão não é recomendada apenas como alternativa à falta de sangue nos hemocentros: na verdade, pode ser utilizada com segurança em diversos tipos de cirurgias, diminuindo os riscos relativos ao sangue e minimizando as despesas médicas”, afirma o Dr. Eduardo Rocha, cirurgião cardíaco e presidente da SBCCV.
A pesquisa mostra que quase 70% dos médicos consideram a recuperação do paciente mais rápida com a utilização da autotransfusão, e mais de 60% percebeu que os pacientes que recebem autotransfusão ficam menos tempo internados, além de apresentarem resultados melhores nos exames pós-operatórios. Segundo o Dr. Celso de Freitas, diretor médico da LivaNova, eventualmente as transfusões recebidas de doadores podem causar efeitos colaterais e retardar a recuperação do paciente, com prolongamento de internação. Mais de 80% dos cirurgiões concordam com a colocação do Dr. Freitas, segundo a análise.
Ainda de acordo com a pesquisa, quase 70% dos médicos disse que consideraria autotransfusão em cirurgias oncológicas, e mais de 70% utilizaria autotransfusão em cirurgias menores ou pediátricas para evitar a exposição do paciente ao sangue alogênico.
Embora a técnica não seja nova e apresente um alto nível de preferência entre os médicos, a maioria da população desconhece o processo. Segundo pesquisa** feita com o público geral pela LivaNova, mais de 80% das pessoas não tem conhecimento da técnica de autotransfusão, bem como de seus benefícios para a saúde e nem mesmo de seu custo — quase metade dos cirurgiões entrevistados considera a autotransfusão mais barata que a utilização de bancos de sangue.
Solange Pais Messias foi submetida a uma cirurgia cardíaca com o uso de autotransfusão. A paciente relata que a experiência foi muito positiva, e que a utilização da tecnologia foi vital para sua rápida recuperação. “Se eu precisasse operar novamente, com certeza optaria por utilizar mais uma vez a autotransfusão”, ela diz.
A autotransfusão: o que é e como funciona
A autotransfusão é uma técnica em que o sangue do paciente, que seria perdido durante a cirurgia, é recuperado, passando por uma filtragem e retirada de quaisquer impurezas, e então transfundido no paciente. Assim, problemas decorrentes de transfusão de sangue, como contaminação e/ou rejeição, são praticamente eliminados, já que o paciente está recebendo seu próprio sangue. O processo é realizado por equipamentos automatizados, como XTRA da LivaNova, que aspiram o sangue do campo cirúrgico, recuperam e concentram as hemácias, componente mais importante do sangue. Depois disso, o material é “lavado” para eliminar todas as impurezas e então, limpo e completamente seguro, reinfundido no paciente.
O Dr. Celso de Freitas aponta três das principais vantagens da autotransfusão, reforçadas com os resultados da pesquisa: a segurança, a disponibilidade e o custo-benefício. O processo reduz o risco de infecções, de problemas imunológicos e evita problemas de compatibilidade sanguínea; disponibiliza o sangue em pouco tempo mesmo para pacientes com tipos raros de sangue ou com anticorpos específicos; e pode apresentar custo mais baixo que a transfusão, já que reduz o uso de sorologias de alto custo para identificar possíveis doenças transmissíveis e pode reduzir o tempo de internação hospitalar.
*Pesquisa feita com 72 cirurgiões cardíacos membros da SBCCV através da plataforma Survey Monkey de Novembro a Dezembro de 2020
**Pesquisa feita com 316 pessoas através da plataforma Survey Monkey de Outubro a Dezembro de 2020