Março Amarelo: As inovações no diagnóstico e tratamento da endometriose

A endometriose é uma patologia de grande prevalência nas mulheres e, para lembrá-las sobre as suas causas, sintomas e tratamentos, neste mês é celebrado o Março Amarelo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença afeta 176 milhões de mulheres no mundo, sendo 6,5 milhões delas no Brasil. A Dasa, maior ecossistema de saúde do país, destaca as inovações tecnológicas que contribuem para o diagnóstico e tratamento da doença.

A endometriose é uma inflamação que ocorre quando células do endométrio, tecido que reveste internamente o útero, se fixam e crescem fora do útero. Habitualmente são comprometidos órgãos pélvicos, como os ovários, trompas, intestino ou bexiga, mas em algumas pacientes pode infiltrar estruturas mais distantes, como o apêndice ou o diafragma. Essa inflamação pode dificultar a gravidez e muito frequentemente causa fortes dores, que se manifestam durante o período menstrual ou na relação sexual, podendo ser incapacitante em alguns momentos.

O Coordenador do Setor de Diagnóstico por Imagem da Pelve Feminina do Alta Excelência Diagnóstica, Manoel Orlando da Costa Gonçalves, ressalta a dificuldade na obtenção do diagnóstico. “A endometriose é uma doença multifocal e quase sempre se encontram vários focos em diferentes localizações. Na fase inicial, se assemelha a manchas de pele, com pouca espessura (1 a 2 mm) e, em estágio avançado, pode aderir a vários órgãos distorcendo a anatomia pélvica. Em resumo, independentemente da fase, só especialistas conseguem diagnosticar e estadiar adequadamente a doença”.

De acordo com Gonçalves, o diagnóstico preciso é muito importante para definir o melhor tratamento para a paciente e nos casos cirúrgicos saber a complexidade do procedimento. “As inovações e a evolução do diagnóstico por imagem certamente colaboram na melhoria da qualidade de vida e no reestabelecimento da capacidade reprodutiva feminina”, complementa.

Para contribuir com a obtenção do diagnóstico mais preciso, o Centro Diagnóstico em Reprodução Humana do Alta realiza todos os exames necessários, com alta tecnologia e profissionais especializados, desde a Histeroscopia, Histerossalpingografia, passando pela Ultrassonografia especializada com preparo intestinal e agora também – mais uma inovação – a Histerossalpingografia por Ressonância Magnética. Estes procedimentos permitem o rastreio da endometriose, a avaliação do fator tubário e outras causas pélvicas da infertilidade feminina: variantes anatômicas congênitas, contagem de folículos antrais e avaliação de miomas uterinos.

Em muitos casos, o tratamento indicado é a realização de cirurgia para remoção dos focos de endometriose. Pode ser necessário fazer dissecções (separações cirúrgicas) extensas na pelve ou entrar em compartimentos específicos. Na endometriose profunda da bexiga ou intestino (reto e sigmoide), em alguns casos, é necessário retirar uma parte da parede do órgão para remover completamente a lesão. Há casos também que infiltram o ureter, sendo mais grave que na bexiga. Quanto mais complexa a cirurgia, mais importante o estadiamento pré-operatório por imagem, reduzindo os riscos de complicações e propiciando um melhor resultado, com redução do risco de múltiplas cirurgias.

“Nem todas as pacientes têm indicação para essa cirurgia, pois existe o problema da infertilidade e a qualidade de vida diminui. Há tratamentos hormonais à base de progesterona. Quando a endometriose de ovário é pequena, a paciente precisa preservar a massa de tecido ovariano. Para esses casos, é melhor tratar com hormônio”, afirma o cirurgião geral do aparelho digestivo do Hospital São Lucas Copacabana, Alexandre Miranda Duarte.

A necessidade de cirurgia para os casos mais avançados é orientada por meio de estudo de imagens. “A maioria das pacientes indicadas para o procedimento cirúrgico já passou por uma triagem de mais de dois anos com tratamento clínico conservador. Com a progressão da doença, sem resposta eficiente ao tratamento inicial, a equipe multidisciplinar, envolvendo ginecologista, cirurgião do aparelho digestivo e o urologista, sugere a cirurgia como alternativa para preservação da reprodução e melhoria da qualidade de vida”, explica Miranda Duarte.

Atualmente, a tecnologia mais avançada permite a realização da cirurgia robótica com visão em ambiente 3D. O método oferece ao médico uma visão com muita clareza e distinção de estruturas, como se estivesse dentro da paciente. “O resultado é a melhor visão e maior precisão, com atuação pontual nos locais onde a endometriose precisa ser removida, preservando aquelas estruturas nobres como ureter, bexiga, intestino ou uma veia, desde que a doença não os comprometa”, conclui o cirurgião.

Redação

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