A urgente necessidade da democratização do ensino médico para gerar equidade foi tema da segunda edição do Fórum em Saúde, promovido pela MDHealth, especialista em educação médica independente. O evento reuniu profissionais para debaterem sobre a carência de informações técnicas aprofundadas, de alta qualidade científica e didáticas, em diferentes áreas do conhecimento médico e a importância de fazer com que esse conhecimento chegue a médicos de todas as regiões do Brasil.
Temos 353 faculdades de medicina no país. Destas, 80% estão localizadas em municípios sem a infraestrutura necessária para uma boa formação. Apenas 56% dos estudantes fazem residência médica e tenho a percepção que, durante a pandemia, esse número diminuiu. A maioria das faculdades possui um modelo de aprendizagem superficial e, depois de formados, poucos médicos frequentam cursos de reciclagem e congressos”, destacou Dr. Marcelo Sampaio, médico cardiologista e coordenador do Pronto Atendimento do Hospital BP Mirante.
Provando que a educação médica continuada é essencial, o fundador e diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (BCRI) e professor titular da Divisão de Cardiologia da Duke University (EUA), Dr. Renato Deláscio Lopes, falou sobre um estudo randomizado que conduziu e publicou, em 2017, chamado “Impact AF”. Realizado com 50 mil pacientes, de 50 hospitais distribuídos em cinco países, o levantamento mostrou o impacto real que levar conhecimento para médicos em todo mundo teve na vida dos pacientes participantes da pesquisa.
“Dividimos os hospitais participantes do estudo em dois grupos, um munido de uma intervenção multifacetada e multinível sobre o uso apropriado de anticoagulantes em pacientes com fibrilação atrial e o outro, não. Em apenas um ano, os médicos dos hospitais que participaram dos workshops e webinars passaram a indicar o uso de anticoagulantes de forma apropriada, cerca de três vezes mais, o que foi traduzido em uma redução de 52% nas taxas de AVC, sem aumento significativo de sangramentos nos pacientes”, explicou Dr. Lopes. O estudo foi publicado na revista científica britânica The Lancet, em 2017.
Outro tópico abordado foi a utilização da tecnologia a favor do ensino e como as novas gerações enxergam a prática médica. “A maneira de ensinar mudou radicalmente nos últimos anos. Um desafio que temos é conseguir passar todos os conceitos de maneira rápida e direta, respeitando a forma de pensar dos novos profissionais médicos. Temos diversas ferramentas digitais que podem auxiliar no processo de ensino, mas também é preciso contar com a disponibilidade das gerações mais antigas em aprender a usá-las para que façam parte da rotina de ensino”, ressaltou a Dra. Ariane Macedo, cardiologista e membro do conselho médico da MDHealth.
O Fórum em Saúde foi promovido pela MDHealth em parceria com a Oncologia Brasil, o Hemomeeting, a NetMD, o BCRI e a Galen Academy.