Médico carioca participa de estudo com células-tronco mesenquimais para cicatrizes da pele

O médico Alexei Gama de Albuquerque Cavalcanti vem de uma família de cirurgiões-dentistas. Seguiu os caminhos do pai e do avô na profissão. A primeira formação foi pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sempre teve grande interesse na área regenerativa. Como dentista, envolveu-se com a implantodontia e cirurgias orais, onde enxertos ósseos poderiam contar com tecnologias associadas, como a do PRP – Plasma Rico em Plaquetas –, utilizada para acelerar o processo de cicatrização e a regeneração óssea após procedimentos cirúrgicos, e o da fibrina, rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF), uma alternativa para a regeneração de tecidos moles e tecidos duros.

Depois de alguns anos trabalhando na odontologia, e com a chancela de mestre concedida pela Universidade São Leopoldo Mandic, de Campinas (SP), Gama decidiu estudar medicina, formou-se pela Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UNIRIO) e, hoje, está no segundo ano de formação da residência de cirurgia plástica, no Hospital da Plástica, no Rio de Janeiro. É lá que desenvolve um estudo com células-tronco mesenquimais para a regeneração da pele.

“Paralelamente à residência, sou diretor técnico e executivo, além de médico, da clínica VITRUVIANA, em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. Na clínica, faço cirurgia oral, implantodontia e procedimentos cirúrgicos mais importantes. No entanto, temos uma equipe de profissionais da odontologia, corpo médico e de profissionais da saúde. Implementamos uma visão multidisciplinar, que atende o paciente de forma global. Aqui temos cirurgia plástica, endocrinologia, nutrição, avaliação física e funcional realizada por um educador físico. Temos também cosmiatria. É um olhar um pouco mais abrangente para o paciente, não focado apenas na especialidade cirurgia plástica”, explica Gama.

O médico conta que, desde a época da graduação na medicina, já acompanhava as cirurgias e os pós-operatórios e percebia uma limitação muito grande sobre as cicatrizes, principalmente na pele. “Foi algo que me gerou um questionamento. Então, resolvi me aprofundar. A cicatriz é uma falha do processo regenerativo. Foi uma adaptação evolutiva para que as feridas se fechassem rapidamente. Ela é, na verdade, a incapacidade de alguns órgãos e tecidos de se regenerar, ou seja, recuperar a capacidade plena e funcional saudável”, comenta.

A pesquisa a qual Alexei Gama está vinculado objetiva a aplicação das células-tronco durante o ato operatório em região onde aconteceram as incisões cirúrgicas para que se forme uma cicatriz menos intensa, menos perceptível e que a regeneração local seja mais próxima possível do natural. “Pela padronização do estudo, vamos realizar os ensaios com as abdominoplastias. Porque é uma cicatriz muito longa, de ilíaco a ilíaco, que pega toda a região da cintura. Então, é mais fácil de padronizar em termos de centímetros e de quantidade nas áreas de aplicação das células. Isso está em desenvolvimento em parceria com a R-Crio – centro pioneiro na técnica de isolamento, expansão e armazenamento de células-tronco do dente, tecido adiposo e do céu da boca (periósteo do palato) do país, com sede em Campinas, interior de São Paulo.

Segundo Gama, ainda existem trabalhos que usam células-tronco para o tratamento de alopecia – perda capilar e também na cosmiatria. “Há uma área de pesquisa muito forte na cosmiatria que utiliza as células-tronco junto aos enxertos adiposos para preenchimentos, tanto para pacientes com doenças – congênitas ou adquiridas – onde há perda de tecido adiposo, quanto para preenchimentos estéticos. Porque o tecido adiposo, sem as células-tronco, tem uma instabilidade muito grande e tende a se reabsorver de uma forma imprevisível. Por esse motivo, a cosmiatria sempre buscou outros materiais um pouco mais previsíveis no tempo de reabsorção. O tecido adiposo é uma fonte fantástica de células-tronco e, enriquecido com células-tronco cultivadas no laboratório, o enxerto, no caso do tecido adiposo, tem uma previsibilidade de sucesso e de manutenção muito maior. São muitos os trabalhos nesse sentido! É uma linha que, futuramente, quero trabalhar”, finaliza o médico.

Redação

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