Médicos brasileiros desenvolvem nova técnica para tratamento de dores faciais crônicas

Falar, escovar os dentes ou simplesmente mastigar. Ações cotidianas tão comuns para a maioria das pessoas, que significam momentos de extremo desespero para quem sofre de neuralgia do trigêmeo, uma das causas mais comuns de dores na face.

A disfunção é caracterizada por pontadas repentinas e choques abruptos pelo rosto, a região mais dolorida é definida de acordo com a terminação nervosa afetada. Na maioria dos casos, um dos lados da face costuma ser mais atingido do que o outro.

A neuralgia do trigêmeo surge, na maior parte dos casos, pela redução da bainha de mielina, o que aproxima o nervo de outras estruturas, como as artérias. Também chamada de síndrome do trigêmeo, esse tipo de neuralgia acomete com maior frequência, pessoas com mais idade, pela perda natural dessa capa de proteção nervosa, que por consequência, promove uma pressão na artéria que acaba em dor intensa.

“Essa neuropatia atinge cerca de 2,5 a cada 100 mil pessoas por ano. Nos Estados Unidos é chamada de doença do suicídio, isso porque uma elevada parcela da população que sofre da neuralgia do trigêmeo tira a própria vida por não conseguir conviver com os episódios constantes de dores agudas”, explica Dr. André Mansano, PhD no assunto.

O tratamento inicial é baseado em medicamentos anticonvulsionantes, como carbamazepina, oxcarbamazepina e pregabalina, que estabilizam os impulsos nervosos e são capazes de controlar os sintomas em aproximadamente 70% dos casos. “O grande desafio para os pesquisadores da neuralgia do trigêmeo até então era justamente encontrar uma solução para os casos em que os medicamentos falham, ou seja, para quase um terço dos pacientes”, destaca Dr. Mansano.

Agora, uma equipe de médicos liderada por Dr. André Mansano já tem a resposta que pode proporcionar uma melhora exponencial na qualidade de vida de milhares de pessoas do mundo inteiro. Uma técnica totalmente brasileira, recentemente publicada pela revista científica da Academia Americana de Medicina da Dor, promete o fim das dores crônicas e severas sentidas por quem tem a neuralgia do trigêmeo.

Trata-se da implantação de um eletrodo, conhecido como estimulador do gânglio da raiz dorsal. O dispositivo chegou ao Brasil no ano passado, mas até então tinha outra finalidade e nunca havia sido testado com este objetivo. “A técnica consiste na colocação do eletrodo ao lado do nervo trigêmeo e em seguida, a conexão dele a uma espécie de marca-passo, que fica debaixo da pele do paciente e envia estímulos elétricos inibidores do processo doloroso”, detalha Dr. Mansano.

A inovação médica foi testada em uma paciente que já havia passado por múltiplos procedimentos cirúrgicos no nervo trigêmeo, mas permanecia com dores de altíssima intensidade. Com a implantação do eletrodo seguindo a técnica brasileira, a paciente relatou melhoras significativas e já retomou a rotina de uma vida normal sem dores.

A técnica foi publicada na revista da Academia Americana de Dor e será apresentada no Congresso do Instituto Mundial de Dor, que acontece esta semana em Budapeste e coloca o Brasil como referência na literatura médica.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.