Moinhos de Vento inicia estudo inédito no Brasil para avaliar eficácia de tratamento de menor custo no SUS para insuficiência cardíaca

O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), deu início a uma pesquisa que deve otimizar a disponibilização de tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com insuficiência cardíaca. Trata-se de um ensaio clínico randomizado que irá avaliar a chamada estimulação do Sistema His-Purkinje, que supera o bloqueio dos ramos e ressincroniza o batimento com a utilização de apenas um eletrodo, colocado em um local específico do coração de pacientes com a doença, restaurando de forma mais fisiológica essa condição. Se comprovada sua eficácia, a técnica poderá ser implementada com custo inferior ao praticado atualmente no SUS, representando mais uma alternativa de tratamento a casos deste tipo, diminuindo significativamente as filas de espera. Inédito no país, o estudo é realizado no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde, e prevê ser concluído até o final de 2023.

“Esse novo procedimento já tem sido testado em outros países, mas ainda não temos uma resposta definitiva se irá substituir a terapia já existente”, explica Dra. Carisi Anne Polanczyk, chefe da cardiologia da instituição e pesquisador responsável do projeto.

Também será avaliado se esta estimulação será igual ou mais efetiva, isto é, a sua não inferioridade ao marcapasso com dois eletrodos e, de acordo com o líder operacional da iniciativa, Dr. Fabiano Barrionuevo, a estimativa é que a estimulação His-Purkinje tenha um custo quatro vezes menor somente em relação ao dispositivo. “A nossa equipe vai dar condições ao Ministério da Saúde para incorporar em seus programas melhorias de custo-efetividades e procedimentos, novas diretrizes, inclusão de novos protocolos clínicos assistenciais no manejo de doenças e inclusão de novos procedimentos autorizados pelo SUS. A pesquisa será realizada dentro das melhores práticas científicas, comparando as técnicas com o que é proposto nas diretrizes nacionais e internacionais”, afirma.

Poderão participar do estudo homens e mulheres com 18 anos ou mais, que possuam insuficiência cardíaca congestiva sintomática, fração de ejeção do ventrículo esquerdo igual ou menor do que 35% e presença de bloqueio de ramo esquerdo no eletrocardiograma com QRS igual ou maior de 130 ms. A seleção de pacientes se dará pela avaliação do médico assistente em 17 centros SUS e privados cadastrados no estudo, que estão localizados em todas as regiões do país.

“O mais importante, além de qualificar o processo, é ter certeza de que estaremos prontos a ajudar a salvar vidas, que é o nosso principal propósito”, destaca o gerente do PROADI-SUS pelo Moinhos de Vento, Lucas Barbieri.

Insuficiência cardíaca

A síndrome da insuficiência cardíaca (IC) é uma condição que tem várias causas: pode ser consequência de um infarto, de pressão alta maltratada ou até de processos infecciosos. Atingindo diferentes faixas etárias, traz sintomas como cansaço, falta de ar e dificuldade para deitar-se — e, conforme sua progressão, compromete o sistema elétrico do coração, exigindo a instalação de um tipo de marcapasso. Esses equipamentos evitam que o coração bata de forma dessincronizada — ou seja, quando o lado esquerdo não bate ao mesmo tempo que o direito.

PROADI-SUS

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse o portal PROADI-SUS.

Redação

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