Na contramão da região, Campinas tem aumento de casos e mortes por Covid-19

O município de Campinas (SP), contrariando as estatísticas regionais, apresentou aumento de casos e mortes por Coronavírus na 47ª Semana Epidemiológica. Segundo nota técnica do Observatório PUC-Campinas, a cidade notificou, entre 15 e 21 de novembro, 934 novas infecções e 13 óbitos, altas de 26,17% e 44,44%, respectivamente, em relação à semana anterior (VEJA NOTA COMPLETA).

O Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), composto por 42 municípios, teve variação negativa dos números ao contabilizar, no período, 3.578 casos (-7% comparando-se à 46ª Semana) e 47 mortes (-11,3%). O mesmo ocorreu na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que registrou 2,4 mil novas contaminações (-15,9%) e 36 óbitos (-16,27%).

Para o infectologista André Giglio Bueno, os dados represados na 46ª Semana Epidemiológica, quando houve atraso na divulgação dos números pelo Estado de São Paulo, podem atrapalhar a interpretação sobre a situação real da pandemia na região. No entanto, segundo o professor de Medicina da PUC-Campinas, o crescimento das internações nos últimos dias (15% em Campinas) dá indícios de novo avanço do vírus nas cidades que integram a RMC.

“Está claro que o conjunto de dados aponta para uma transição de cenário, saindo de queda ou estabilidade para aumento dos casos. Não é possível prever, entretanto, qual será a magnitude desse aumento, que pode ser limitado ou pode ser o início de um crescimento mais expressivo e que demande mais do sistema de saúde. Desta forma, resta-nos pregar cautela e ter atenção em todas as nossas ações. O cansaço com a longevidade da pandemia e a euforia com os estudos das principais vacinas não podem permitir um relaxamento das medidas de prevenção”, destaca Giglio.

No aspecto econômico, a possibilidade de uma segunda onda preocupa. De acordo com o Prof. Paulo Oliveira, economista responsável pelas análises relativas à Covid-19 pelo Observatório da PUC-Campinas, a falta de medidas de contenção por parte do governo pode ser devastadora do ponto de vista econômico e social. O governo federal tem defendido a manutenção do teto de gastos com a justificativa de que os impactos causados pela pandemia serão de curto prazo.

“O orçamento de guerra, que permitiu a ampliação de R$ 577,55 bilhões para R$ 3,6 trilhões no orçamento para 2020, acaba e 31 de dezembro. Até o momento, o governo não definiu o que vai fazer com o auxílio emergencial e outros programas de preservação do emprego e da renda. Sem a revogação do teto de gastos, esses programas ficam sem previsão de orçamento, de modo que sua viabilidade fiscal vai depender, novamente, de novas medidas extraordinárias como o orçamento de guerra. Na eminência de uma segunda onda, sem as medidas de contenção, os efeitos serão fortes para a economia brasileira”, avalia o docente extensionista.

Os dados da Covid-19 na RMC podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório, pelo site observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19.

Redação

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