Neurocirurgiões apoiam proibição de novos cursos de medicina no país

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) acredita que a portaria que proíbe a abertura de novos cursos de medicina no país por cinco anos, anunciada pelo Ministério da Educação no último dia 5, pode ajudar na qualidade dos especialistas formados. “Há de fato uma carência considerável de médicos e também de especialistas no Brasil. Entretanto, o que era para ser uma expansão racional e programada, tornou-se um mercado de faculdades, utilizadas, até mesmo, com fins políticos”, afirma o presidente da SBN, Ronald Farias.

Para o médico, em cinco anos o Ministério da Educação pode fazer um estudo profundo sobre a qualidade dessas escolas e analisar como saem de lá os responsáveis por cuidar da saúde da população.

De acordo com a SBN, o Brasil passou a ter muito mais faculdades de medicina do que países mais populosos, como China, Índia e Estados Unidos. Atualmente, são formados 35 mil médicos por ano, para um crescimento populacional de 1,7 milhões de novos habitantes (0,77% ao ano), ou seja, um novo médico para cada 500 novos habitantes, número acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um médico para cada mil habitantes.

A neurocirurgia brasileira não ficou atrás do processo de expansão de ofertas de vagas de residência médica. Hoje, têm-se no país aproximadamente 650 residentes em formação, distribuídos em mais de 100 serviços de residência médica, quase o mesmo número dos Estados Unidos, economia com o PIB dez vezes maior.

Procurando caminhos para combater o que pode afetar a qualidade do profissional de saúde, a SBN tem cumprido o papel de órgão regulador e fiscalizador da qualidade da formação neurocirúrgica no Brasil, uma espécie de “agência reguladora” do segmento.

Uma das ações foi a parceria firmada com a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Ministério da Educação e fazer uma fiscalização mais apurada dos serviços, a aprovação do chamado “Manual do Residente em Neurocirurgia” e apresentar uma proposta de unificação de serviços em um modelo de “residência médica em rede”, esta última em análise para ser implantada em algumas cidades brasileiras. “Além disso, o Conselho Deliberativo instituiu uma comissão especial para elaboração de novos critérios para formação de neurocirurgiões, dentro de ótica mais contemporânea, estabelecendo, inclusive, ranqueamento dos serviços existentes”, explica Farias.

A Comissão de Credenciamento da SBN, por sua vez, está incumbida de  fiscalizar um número bem maior de serviços, evitando que hospitais em condições inadequadas continuem dando diplomas a residentes. “Estamos apurando de perto a abertura de novos serviços de residência médica, pois, assim como uma escola, onde o sentido da sua existência é o aluno, a residência médica não deve existir para veleidade do preceptor, mas sim com o nobre propósito de formar um bom neurocirurgião”, conclui o presidente da SBN.

Redação

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