As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) fazem parte da rotina diária de mais da metade dos brasileiros, são responsáveis por 70% de todos os óbitos anuais e representam gastos bilionários aos cofres públicos. Informações sobre fatores que podem causar ou agravar essas doenças são essenciais para elaborar melhores políticas públicas para reduzir sua incidência. A partir de agora é possível acessar dados atualizados sobre os principais fatores de risco e sobre as DCNTs mais prevalentes com apenas alguns cliques por meio de uma nova plataforma: o Observatório da Atenção Primária à Saúde. A iniciativa foi desenvolvida pela Umane, uma associação civil independente e sem fins lucrativos dedicada a apoiar, desenvolver e acelerar iniciativas de prevenção de doenças e promoção à saúde no âmbito da saúde pública.
A ferramenta permite que qualquer pessoa acesse dados do Ministério da Saúde e de outras bases de dados públicas e confiáveis de maneira amigável, ágil e simples. A plataforma inova ao reunir e a organizar esses dados de maneira acessível e, sempre que possível, disponibilizados para todos os municípios do Brasil. Com isso, espera-se contribuir não só para a geração de conhecimento, mas também para as políticas públicas de saúde, com foco na prevenção das DCNTs e no fortalecimento da Atenção Primária. A plataforma estará em contínuo aperfeiçoamento e hoje já trabalha com 16 bases de dados diferentes, entre elas o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), o Sistema de Informações Hospitalares (SIH), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Vale destacar que, com intuito de permitir um diagnóstico completo dos municípios, a plataforma também traz algumas informações socioeconômicas como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).
“As informações podem subsidiar estudos, planejamento de políticas públicas e planejamento de projetos aos atores diversos do setor de saúde”, afirma Thais Junqueira, superintendente da Umane. “Nossa ideia é contribuir para a geração de conhecimento e para a tomada de decisão baseada em evidência”. Justamente por isso a plataforma tem como público-alvo gestores de políticas e programas, profissionais da saúde, instituições do terceiro setor, pesquisadores, estudantes e demais pessoas interessadas em informações sobre saúde no Brasil.
Os dados da plataforma estão organizados em quatro grandes temas: (1) dados socioeconômicos, como acesso a saneamento básico e habitação; (2) condições crônicas priorizadas, que tratam das DCNTs mais prevalentes, como hipertensão, obesidade e diabetes; (3) fatores de risco modificáveis, que podem agravar as DCNTs mas podem ser evitados, como consumo de álcool, cigarro e alimentação não saudável e (4) atenção primária à saúde, como acesso e cobertura de serviços de saúde.
Para cada tema, há uma série de indicadores disponíveis para a consulta, dependendo do assunto, como: gastos com internação hospitalar, mortalidade pela doença crônica, prevalência, número de internações e de dias de internações, entre outros.
Ao clicar em cada um dos indicadores, é possível selecionar o ano e a abrangência geográfica – os dados são disponibilizados para todos os municípios, salvo exceções em que a informação está disponível apenas para as capitais. O usuário também pode gerar gráficos com a evolução do indicador ao longo dos anos, mapas que ajudam a entender, por exemplo, os locais de maior incidência de doenças crônicas e ainda rankings de capitais ou cidades onde o problema é mais prevalente. Por exemplo: Em 2020, Manaus é a capital com maior percentual de pessoas adultas com obesidade (24,9%) e São Paulo é a que concentra o maior número de pessoas com obesidade (mais de 2 milhões de pessoas).
“O Observatório é uma plataforma em contínuo aperfeiçoamento, de fácil acesso e navegabilidade, que facilita o acesso à informação e pode contribuir para ações de prevenção de doenças e promoção da qualidade de vida”, ressalta Erika Lopes, Especialista em Monitoramento e Avaliação da Umane.