Novo estudo brasileiro reforça evidências de “Covid Longa” em sobreviventes da doença

A pandemia da Covid-19 ainda apresenta inúmeros desafios para a população e para o sistema de saúde, e um deles está relacionado às consequências a longo prazo para a saúde das pessoas que foram infectadas pelo vírus. Diante desse cenário, um novo estudo publicado na revista Clinical Nuclear Medicine, liderado por pesquisadores do Instituto D’OR de Pesquisa e Ensino (IDOR), reforça as evidências de efeitos duradouros da Covid-19 na saúde, popularmente chamados de “Covid Longa”, principalmente em pacientes que foram acometidos e hospitalizados por pneumonia, como uma consequência do novo Coronavírus.

Liderado por Rosana Souza Rodrigues, cientista do IDOR, este artigo traz dados e informações sobre o aumento da atividade metabólica imune do pulmão em sobreviventes da Covid-19. Dentre os 53 participantes da pesquisa – sendo 62,3% homens com idade média de 50 anos -, todos relataram pelo menos um sintoma persistente, e 41,5% relataram mais de 06 sintomas, como fadiga, falta de ar, dificuldade em lembrar ou concentração, ansiedade ou depressão, dor ou desconforto, e problemas com a realização de atividades habituais. Outros sintomas respiratórios relatados foram tosse persistente e dor ao respirar.

“Neste estudo observamos mais atividade metabólica em áreas de parênquima pulmonar com alta atenuação, e também em áreas de atenuação normal, vários meses após pneumonia moderada a grave por Covid-19. Por meio de diversos métodos de análise de tomografias, podemos perceber uma densidade pulmonar média maior nos sobreviventes do que em indivíduos saudáveis, e maior atividade metabólica foi observada em áreas de parênquima pulmonar normal e em áreas pulmonares mais densas, mesmo meses após o início dos sintomas. As concentrações plasmáticas de biomarcadores pró-inflamatórios, coagulação e ativação endotelial também foram significativamente maiores em sobreviventes”, explica Rosana.

Diversos outros estudos clínicos recentes sugerem que mais de 80% dos pacientes que foram hospitalizados com pneumonia por Covid-19 têm pelo menos 1 sintoma de longo prazo e 55% desses pacientes relatam 3 ou mais sintomas. Embora os mecanismos subjacentes às manifestações clínicas no Covid-19 não estejam totalmente definidos, há evidências de reparo tecidual prejudicado, ativação inflamatória persistente e um estado pró-coagulante induzido pela síndrome respiratória aguda grave Coronavírus 2 (SARS-CoV-2) possa contribuir para sequelas e sua progressão, principalmente nos pulmões.

Há outros estudos que mostram que mais de 60% dos pacientes com pneumonia por Covid-19 que foram hospitalizados apresentam falta de ar e outros sintomas respiratórios, mesmo vários meses após a internação. “Alterações pulmonares secundárias à pneumonia podem evoluir para alterações semelhantes a fibróticas que podem refletir dano pulmonar permanente em aproximadamente um terço desses pacientes. Em sobreviventes de pneumonia por Covid-19, a extensão do envolvimento pulmonar observado na tomografia de tórax pode se correlacionar com a persistência dos sintomas e alteração dos parâmetros de função pulmonar”, complementa Rosana.

E finaliza: “Nossos achados demonstram que biomarcadores de tromboinflamação e ativação de células endoteliais associados à infecção são sustentados por muito tempo após a alta hospitalar, mesmo em pacientes com Covid-19 moderada, e levantam a possibilidade intrigante de que isso pode contribuir para a patogênese da Covid Longa”.

Redação

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