Um estudo clínico controlado e randomizado para um programa de perda de peso com exercício físico acompanhou 55 mulheres com obesidade e asma divididas em dois grupos: um com exercício físico aeróbio e de resistência; e outro com exercícios de alongamento e respiração. “Tratou-se de um trabalho para avaliar se o exercício físico, além do programa de dieta para a perda de peso, tinha um papel importante. E a conclusão é que ambos os grupos tiveram benefícios tanto nos escores de controle da asma como na perda de peso, mas o grupo com exercício aeróbico teve desempenho ainda melhor”, explica Dr. Marcio Mancini, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo.
De acordo com o estudo, a melhora no grupo que teve dieta e exercício foi acompanhada de evolução positiva na função pulmonar, nos marcadores anti-inflamatórios produzidos pelo tecido adiposo bem como reduções na inflamação sistêmica e na inflamação de vias aéreas.
“Adicionar exercício a um programa de curto prazo de perda de peso deve ser considerada uma estratégia útil para ter um controle clínico da asma em pacientes com obesidade”, conclui Dr. Mancini.
Obesidade e asma, fatores associados
– Função pulmonar: A presença de gordura abdominal impõe uma restrição à movimentação do diafragma, e o movimento respiratório trabalha contra uma pressão maior.
– Refluxo: Pacientes com obesidade podem apresentar refluxo gastroesofágico. “Enquanto dorme, a pessoa pode ter refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago e sofrer pequenas aspirações, o que pode levar a um aumento da reatividade brônquica e favorecer inflamações e broncoconstrição, que é o que acontece na asma”, explica Dr. Mancini, que também participou do estudo.
– Reatividade brônquica: O tecido adiposo produz uma substância chamada eotaxina, que é inflamatória e leva à constrição do brônquio, o que favorece a reatividade brônquica.
Círculo vicioso
O corticoide faz parte de um dos tratamentos para controle da asma. “Porém, em alguns casos o uso prolongado de corticoide pode favorecer o aumento de tecido adiposo, a redução de massa muscular, o aumento de apetite, e a perpetuação da obesidade, que vai levar à piora da asma, que por sua vez vai levar a uso de mais corticoide, e o indivíduo acaba entrando num círculo vicioso perpetuando a asma e piorando a obesidade. É muito importante reconhecer quando isso está acontecendo e encaminhar essa pessoa para tratamento”, conclui Dr. Mancini.