Quando se fala em ansiedade em relação a diagnósticos e tratamentos sempre se pensa no lado do paciente. Mas na verdade, o problema atinge em cheio os médicos também. Os especialistas sofrem com dilemas em suas áreas. Operar ou não operar? Fazer uma cirurgia parcial ou radical? Tratar apenas com medicamentos e observar? Que terapias usar? Essas são algumas questões que muitas vezes tiram o sono dos médicos.
Recentemente o Dr. Flavio Hojaij, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, fez um editorial para a Revista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia falando sobre o alto número de exames relacionados à glândula tireoide, diagnósticos da atualidade e os seus achados: tumores de vários tamanhos, que muitas vezes não eram diagnosticados e tratados há 20 anos.
“Estamos vivenciando um furacão de indagações, direcionamentos e informações controversas sobre a agressividade dos carcinomas de tireoide. Estamos vivendo uma época de tratamento de tumores menores, em comparação aos que tratávamos há 20 anos. Isso tudo é diretamente influenciado pelo aumento de diagnósticos, resultado de um maior número de exames solicitados e mais bem desenvolvidos. Vivemos um clima de bipolaridade, entre a observação ativa e a cirurgia”, observa Hojaij, professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP e Secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).
Para o especialista as condutas em cirurgias de tireoide, por exemplo, devem ser adequadas a posições intermediárias. O especialista deve pensar em cirurgias parciais, ao invés de escolher pelos extremos: mera observação ou cirurgia ampla.
“O momento exige serenidade. Também devemos individualizar tratamentos para adequar abrangências, conforme antecedentes, cultura e expectativas dos pacientes. E aguardar o desenvolvimento de ferramentas moleculares que possam balizar e melhor auxiliar a prática clínica diária”, afirma o Dr. Flavio, lembrando que tudo isso também está ocorrendo com outras especialidades médicas.