Pai doa parte do fígado para bebê de quatro meses

A chegada do segundo filho foi de muita alegria e emoção para Louise e Heron Baasch, moradores de Florianópolis, em Santa Catarina. Após algumas tentativas frustradas e uma gestação que apresentou alguns desafios, o pequeno Matheus veio ao mundo no dia 22 de agosto de 2020 para completar a família. Mas, em alguns dias, a família foi tomada por outro sentimento: o medo. O medo de que algo não estava evoluindo bem surgiu ao perceberem que o menino estava ficando cada dia mais amarelado. E, em algumas semanas, veio o diagnóstico: deficiência de alfa 1 antitripsina. Ou seja, o menino era portador de uma grave doença genética que acomete o fígado, incompatível com a vida, e a realização de um transplante era a sua única chance. “Fiquei sem chão, é o pesadelo de toda mãe descobrir que seu filho tem uma doença tão séria. Só de ouvir falar na possibilidade de um transplante meu sangue gelou. Pensar em um bebezinho tão pequeno – que até então vivia no colo – em um centro cirúrgico, não parece fazer sentido”, relembra Louise. Mesmo com todos os esforços das equipes de saúde de Florianópolis a doença progrediu rapidamente, e a família foi encaminhada para a Santa Casa, em Porto Alegre, com a indicação para transplante de fígado.

Assim, a família foi em busca do Hospital da Criança Santo Antônio, da Santa Casa, para obter o melhor tratamento disponível para doenças pediátricas de alta complexidade. Em uma corrida contra o tempo, era necessário encontrar um doador de órgãos compatível com o ainda tão pequeno Matheus, com apenas quatro meses. Tarefa nada fácil quando se fala em doação de órgãos com doadores falecidos, pois a compatibilidade, nesses casos, se torna ainda mais rara devido ao peso e às demais características necessárias. Na busca por uma solução mais imediata, uma vez que a situação do bebê piorava a cada dia, descobriu-se que pai seria compatível com o bebê e que, portanto, poderia salvar a sua vida. “Fiquei com muito medo de não ser compatível com ele, pois somos de grupos sanguíneos diferentes, mas, felizmente, a realização de transplante hepático intervivos foi possível, e isso tirou um peso enorme das nossas costas”, relembra Heron Baasch,

Então, no dia 4 de janeiro de 2021, em uma cirurgia de 12 horas realizada pela equipe de transplante hepático pediátrico intervivos da Santa Casa de Porto Alegre, coordenada pelo médico Antônio Kalil, Heron teve parte do seu fígado implantado no seu filho Matheus. O procedimento, que estava agendado para o dia 11, precisou ser antecipado devido à piora que o menino apresentou no final do ano, conforme lembra a gastroenterologista pediátrica da Santa Casa, Melina Melere: “Tomamos um susto muito grande, pois liberei ele para passar as festas de final de ano em casa, em Santa Catarina, mas ele ficou muito mal, com grandes chances de não resistir a uma viagem até Porto Alegre. Então, manejamos a situação à distância, por telefone, e assim que possível, a família embarcou em um avião e, assim que aterrissaram, o internamos imediatamente na UTI, em estado muito grave. Por isso, antecipamos a cirurgia”.

O procedimento foi um sucesso, e ainda em janeiro, no dia 30, Matheus teve alta para casa, ou melhor, para sua casa temporária, em Porto Alegre, onde deve permanecer com a família até a liberação médica. “Agora que o pior já passou, estamos extremamente agradecidos por ter nosso menininho querido de volta, agradecidos a Deus por esse milagre e à equipe da Santa Casa pelo trabalho fantástico. É maravilhoso poder voltar a pensar no futuro dele, ter um bebê – que apesar de alguns cuidados especiais – é um bebê normal, que gosta de um colinho, sorri o dia inteiro e se desenvolve”, comemora Louise Baasch.

Redação

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