O Brasil passa por profundas transformações na saúde. De acordo com as projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deve registrar 704 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio 2023-2025, com 70% da incidência nas regiões Sul e Sudeste brasileira. “O aumento da longevidade dos brasileiros tem provocado um crescimento acelerado de registros oncológicos nos últimos anos e a tendência é de alta”, analisa o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, e médico pesquisador honorário do Departamento de Oncologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
O envelhecimento e o crescimento da população são fatores que devem proporcionar um aumento superior a 90% em novos casos de câncer na América Latina até 2035, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC em inglês). “Os sistemas de saúde precisam se preparar para esse avanço expressivo. Caso contrário, teremos aumento de gastos por conta da falta de prevenção e com paciente em estágios da doença que requerem maiores gastos”, explica o oncologista.
No Brasil, 10% dos municípios já registram o câncer como a principal causa de morte, e a pandemia de Covid-19 foi outro fator com impactos diretos no diagnóstico e tratamento dos pacientes oncológicos. “Tivemos um retrocesso de investimentos nos últimos anos. Se não adotarmos medidas imediatas, os impactos serão ainda maiores”, avalia Ramon Andrade de Mello.
Os investimentos em pesquisas aumentaram de US$ 37,6 milhões para US$ 62,1 milhões entre 2007 e 2012. Os valores começaram a cair e chegaram a US$ 38,4 milhões em 2016. “Além de reduzir nossa dependência ao mercado externo, as pesquisas ajudam a investigar os tumores para desenvolver drogas eficazes”, afirma o oncologista.
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