Pandemia em Manaus: Prefeito diz que há mais de 320 profissionais com Covid-19

O prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou neste domingo (17), em entrevista à GloboNews, que mais de 320 profissionais de saúde estão desfalcando atualmente a rede municipal devido a infecção pelo Coronavírus. São pelo menos 120 médicos e 200 enfermeiros a menos nas unidades da cidade. A capital e o estado do Amazonas vivem uma situação de colapso, com hospitais sofrendo com a falta de cilindros de oxigênio para manter a respiração de pacientes que necessitam de intubação.


 

Nota da Associação Médica Brasileira sobre o colapso da saúde no estado do Amazonas

A Associação Médica Brasileira torna pública sua solidariedade com a população, os médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas.

O sistema local está em colapso e com gravíssimos problemas, como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.

No intervalo de uma semana, a média móvel de casos aumentou 85,3% em Manaus. Aliás, apenas nas últimas 24 horas, houve a confirmação de 3.816 novos casos no Estado. Só em Manaus, foram 2.516 novas infecções. Números recordes desde o início da pandemia.

A AMB está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento desta trágica situação dos nossos conterrâneos amazonenses. Entendemos ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora, tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento.

A Associação Médica Brasileira também conclama os cidadãos amazonenses a se unirem à classe médica, que desde o princípio da pandemia está na linha de frente colocando muitas vezes a própria vida em risco, para garantir assistência à população.

Por outro lado, é imperioso que os governantes legalmente constituídos e as autoridades públicas de saúde assumam sua responsabilidade nesta grave crise sanitária, disponibilizando imediatamente para hospitais os cilindros de oxigênio, conforme solicitam em ação já ajuizada o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), o Ministério Público do Estado do Amazonas, a Defensoria Pública do Estado do Amazonas e o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas.

Conclamamos por providências urgentes com aumento de leitos, com hospitais de campanha e com a garantia de todos as demais necessidades que se façam obrigatórias para o tratamento da Covid-19.

Por fim, legitimada por representar todo movimento médico associativo e em cumprimento a sua missão, a AMB conclama a população do Amazonas a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo Coronavírus.

Associação Médica Brasileira, 15 de janeiro de 2021


 

Escassez de oxigênio em Manaus preocupa o Presidente da Federação Brasileira de Hospitais

O presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Aldevânio Francisco Morato, avalia que é dramática a situação enfrentada por Manaus com a escassez de oxigênio em plena pandemia. De acordo com Morato, isso é mais um reflexo da falta de unidade entre governo federal e estados no enfrentamento ao Covid. Ele observa que é necessário um trabalho em conjunto até o fim dessa pandemia para que hospitais não sofram com a falta de equipamentos e materiais fundamentais no tratamento dos pacientes. Morato observa que essa crise é provocada pela inoperância das empresas fornecedoras de oxigênio que não estão entregando em tempo hábil para suprir os hospitais. “É preciso que o Governo pressione as empresas devido à urgência da situação”, defende.

Inclusive o abastecimento dos hospitais particulares já está sendo prejudicado com a falta do insumo. “Isso é muito grave. Pessoas vão morrer. A pandemia ainda está aí e é preciso que os governos trabalhem em conjunto. Isso não pode se repetir em outros estados”, afirma Morato.


 

Posicionamento da Diretoria da Academia Nacional de Cuidados Paliativos sobre a escassez de recursos em Manaus

A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) vem, por meio deste posicionamento, declarar solidariedade aos colegas profissionais de saúde do município de Manaus (AM), mediante o relato de escassez de oxigênio neste momento.

No dia 14 de janeiro de 2021, a ANCP recebeu o contato de colegas paliativistas atuantes em Manaus sobre a escassez de oxigênio, fato amplamente divulgado nos meios de comunicação que vem ocasionando dificuldades em manter o tratamento essencial, inclusive para pacientes sem critérios de terminalidade. Os colegas relataram os esforços para cuidar em meio a tão grave situação. A ANCP parabeniza e se solidariza com sua postura corajosa e ética frente a desafio jamais visto em suas carreiras.

Reforçamos aos gestores de hospitais, emergências e Unidades de Terapia Intensiva a enorme importância da triagem dos casos conforme fase da doença de base. Devemos lembrar que os pacientes com doenças terminais em fim de vida podem não ter indicação de utilização de recursos de terapia intensiva e, portanto, se beneficiariam mais de cuidados paliativos em ambiente humanizado e com menor necessidade de aparelhos e equipamentos, mas com maior intensidade de cuidado humano e controle de sintomas.

Uma classificação adequada dos pacientes feita de forma precoce contribui para utilização racional dos leitos e recursos. No link paliativo.org.br/ancp/covid19 disponibilizamos todos os materiais técnicos e científicos sobre os Cuidados Paliativos e Covid-19 elaborados pela ANCP.

Lembramos que, durante a escassez de recursos, os líderes devem seguir os princípios internacionalmente validados:

Princípios éticos e Covid-19 – Organização Mundial da Saúde (OMS):

  • Respeito moral igualitário (raça, sexo, renda, cor);
  • Duty of Care: dever de cuidar mesmo na escassez de recursos;
  • Direito a condições de trabalho para praticarem o cuidado (EPI);
  • Não abandono e extensão do cuidado a familiares e cuidadores;
  • Cuidados Paliativos obrigatórios para 100% dos pacientes não candidatos a ventilação mecânica;
  • Proteção da Comunidade: O bem coletivo supera o bem individual;
  • Confidencialidade: exceto em casos de ameaça ao bem público.

Fonte: WHO REFERENCE NUMBER: WHO/2019-nCoV/clinical/2020.5

Os pacientes devem ter acesso aos cuidados paliativos ofertados de forma integral, bem como a medicamentos opioides e adjuvantes para o devido controle da dispneia e outros sintomas.

A ANCP participou, em conjunto com outras sociedades, da elaboração de documento oficial sobre alocação de recursos para a pandemia, que pode ser acessado no link:
www.amib.org.br/noticia/nid/recomendacoes-da-amib-abramede-sbgg-e-ancp-de-alocacao-de-recursos-em-esgotamento-durante-a-pandemia-por-covid-19

Pedimos as autoridades competentes, atenção a este tema e mobilização imediata de recursos para cuidar das vidas de nossos semelhantes em Manaus.

Academia Nacional de Cuidados Paliativos

Diretoria  
Douglas Henrique Crispim    Presidente
João Batista Santos Garcia    Vice-Presidente
Rudval Souza da silva    Vice-Presidente
Alexandra Mendes Barreto Arantes    Secretaria Geral
Jussara de Lima e Souza    Tesoureira
Rodrigo Kapell Castilho    Coordenador Científico
Maria Helena Pereira Franco    Coordenadora Científica
Lisandra Stein Bernardes    Coordenadora Comunicação
Nahãmi Cruz de Lucena    Coordenadora Comunicação


 

Artigo – Quero voltar a chorar de alegria

Que loucura! Na mesma semana em recebi o diagnóstico da cura da Covid-19, assisti pela tevê, estarrecida, os relatos dramáticos de pacientes submetidos a ventilação manual e muitos morrendo asfixiados nos hospitais e UTIs de Manaus. Dias antes chorei de alegria ao sair do isolamento e voltar a conviver com meus filhos, abraçá-los e beijá-los; dias depois chorei de soluçar ao ver o desespero de equipes médicas e familiares tentando conseguir oxigênio para salvar vidas.

Tenho pesadelos. Acordo assustada. Aspiro e expiro profundamente. Um movimento tão comum que fazemos assim que nascemos. Respirar é vida. Vida é o nosso principal bem, precisa ser preservada acima de tudo. Sinceramente, não queria estar na pele dos profissionais de Saúde da linha de frente de Manaus. Ter de optar por dar oxigênio aos pacientes com maior chance de sobrevivência. Ninguém jamais deveria ser obrigado a escolher quem vive e quem morre. Lidar com a morte faz parte da rotina deles, mas não há emocional que resista quando o paciente morre por falta de atendimento. O meu emocional está abalado só de acompanhar o drama dos manauaras.

A verdade é que o colapso de Manaus escancara a negligência durante a pandemia. Não há um só culpado. De governantes municipal, estadual e federal à população, todos têm sua parcela de culpa nesta crise. A capital amazonense foi uma das cidades mais atingidas pela pandemia em todo o mundo no ano passado. Entre os meses de abril e maio, já havia passado por situação dramática, com hospitais e cemitérios absolutamente lotados.

Os escândalos de corrupção durante a pandemia, com a compra de respiradores superfaturados em uma loja vinhos e a exoneração de membros do governo, contribuíram para essa situação calamitosa. Também faltou preocupação com as pessoas. Faltou respeito pelas pessoas. Falhou por não ter sido traçado um plano de melhor aparelhamento dos hospitais e UTIs, ao ponto de faltarem botijões de oxigênio. Falhou por relaxar nas práticas de distanciamento social, pela população aglomerar. E o maior cinturão verde do planeta ficou sem oxigênio!

Com tantas falhas e escândalos, aliados à descoberta de uma nova variante do coronavírus, era questão de tempo para o sistema de Saúde entrar em colapso. O número de internações, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde, atingiu um pico diário de 250 pessoas, e a taxa de mortalidade no Estado do Amazonas pulou para 143,1 por grupo de 100 mil habitantes, considerada a mais alta do Brasil.

Que a situação aterrorizante de Manaus sirva de alerta para os outros Estados. A vacina já está sendo dada no Brasil, mas, enquanto a população não for imunizada, é preciso controlar a pandemia com distanciamento social, é preciso ter restrição da circulação de pessoas, é preciso que todos usem máscara. É preciso que todos se comprometam a fazer isso. Chega de asfixia! Vidas humanas importam e precisam de tratamento adequado para serem salvas. E eu quero voltar a chorar de alegria!

 

 

 

Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo

 

 


 

Pediatras se manifestam sobre a crise em Manaus, cobram providências dos governos e declaram apoio à vacinação

A crise em Manaus (AM) provocada pela nova onda da Covid-19 no estado fez a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgar nesta sexta-feira (15) uma nota de solidariedade e empatia aos médicos e equipes de saúde que seguem na linha de frente com os pacientes, muitos deles crianças prematuras.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA.

No documento, a instituição cobra providências dos governos e declara apoio à vacinação em massa da população. O documento ressalta que a SBP vem acompanhando com preocupação o avanço da pandemia e alerta para a tomada de providências que evitem que o cenário instalado no Amazonas se repita em outros estados.

“Os gestores da rede pública devem aumentar a oferta de leitos de internação e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), manter estoques de medicamentos e insumos abastecidos e oferecer aos médicos e outros profissionais das equipes as condições de trabalho adequadas, como jornadas não exaustivas e respeito às horas de repouso”, destaca trecho da nota. “Os gestores da rede pública devem aumentar a oferta de leitos de internação e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), manter estoques de medicamentos e insumos abastecidos e oferecer aos médicos e outros profissionais das equipes as condições de trabalho adequadas, como jornadas não exaustivas e respeito às horas de repouso”, destaca trecho da nota.

SBP divulga nota de orientação emergencial para transporte de recém-nascidos na pandemia em Manaus

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do seu Departamento Científico de Neonatologia, divulgou neste sábado (16) uma nota de orientação emergencial para o transporte de recém-nascidos durante a pandemia em Manaus (AM) para outros Estados em virtude do risco de desabastecimento de oxigênio na vigência da expansão da pandemia Covid-19.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA.

O Departamento Científico de Neonatologia da SBP recomenda que as transferências sejam feitas intraútero, para gestante de alto risco para partos prematuros, de acordo com as condições de saúde materna pesando os riscos e benefícios, assegurando a avaliação da equipe obstétrica e neonatal, local.

A nota ressalta que devido ao alto risco de instabilização do quadro clínico mesmo dos recém-nascidos estáveis, antes ou durante o transporte, é mandatário assegurar o checklist do transporte seguro, de acordo com critérios técnicos sumarizados no manual de transporte neonatal do Programa de Reanimação Neonatal da SBP.

As orientações também englobam que o veículo deve ser adequado para o transporte de RN, com espaço e fixação para incubadora de transporte e que o transporte da criança seja acompanhado pela mãe para manter as práticas clínicas recomendadas.

Por fim, a nota recomenda que os fluxos relacionados à Covid-19 precisam ser assegurados para evitar a contaminação e a disseminação do SARS-CoV-2 entre RN e suas mães, sendo sempre indispensável a verificação do uso de EPIs (equipamentos individuais de proteção) para toda a equipe do transporte.

Redação

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