Pandemia provoca redução de 26% em diagnósticos de tumores de próstata, rim e bexiga

Com o intuito de dimensionar o tamanho do dano causado pela pandemia no diagnóstico de novos casos de cânceres, a Sociedade Brasileira de Urologia – Seção de São Paulo realizou levantamento em parceria com instituições de saúde com atuação no Estado de São Paulo, responsáveis pelo atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados mostraram que a pandemia gerou uma redução média, e grave, de 26% no número de novos casos, englobando os tumores de rim, próstata e bexiga, na comparação com diagnósticos feitos nos anos de 2019 e 2020.

Os dados foram fornecidos pelo Hospital Amaral de Carvalho, de Jaú, Instituto do Câncer da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Hospital AC Camargo Câncer Center, de São Paulo, Hospital das Clínicas da UNICAMP, de Campinas e Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, de São Paulo.

O Hospital das Clínicas da UNICAMP, por exemplo, observou uma queda de 52% nos casos de câncer de bexiga e 63% nos de rim. Já o Hospital AC Camargo Câncer Center, a redução foi de 24% para os tumores da bexiga e 29% para os de rim. Os dados para o câncer de rim do Hospital São Paulo – UNIFESP, mostraram redução no diagnóstico de novos casos de 35% –  foram computados 40 casos em 2019, contra 26 em 2020.

INSTITUIÇÃO CÂNCER DE PRÓSTATA CÂNCER DE RIM CÂNCER DE BEXIGA
AC CAMARGO – 48,85% – 29,78% – 24,39%
AMARAL DE CARVALHO -13,5% + 5,4% – 11,6%
HOSPITAL SÃO PAULO – 25,0% – 35,0% + 3,22%
ICA RIO PRETO – 18,67% – 18,68% + 33,68%
UNICAMP – 61,04% – 63,28% – 52,25%
REDUÇÃO MÉDIA NO DIAGNÓSTICO DE NOVOS CASOS POR DOENÇA 33,41% 28,26% 10,26%

* Os dados comparativos do Hospital Amaral de Carvalho foram realizados entre os meses de janeiro a junho de 2019 e 2020 visto que as informações referentes ao segundo semestre de 2020 ainda não foram tabuladas

“O medo de contrair o Covid pela exposição a ambientes potencialmente contaminados como consultórios, clínicas e hospitais tem impedido muitos homens de procurar ajuda médica. Porém, a recomendação da comunidade científica é que os pacientes não deixem de fazer suas consultas de rotina e, quando estão em tratamento não abandonem a terapia. Dependendo do estágio da doença, o quanto antes ele iniciar o tratamento melhor será o resultado e possibilidades de cura.”, alerta o urologista Dr. Geraldo de Faria, presidente da SBU-SP e responsável pela organização dos dados.

Próstata – vilã dos homens

A análise dos diagnósticos de novos casos desse tipo de câncer – o tumor urológico de maior prevalência na população masculina, perdendo somente para o câncer de pele não melanoma e sendo a segunda maior causa de óbito no homem -, mostrou uma redução média de 33% entre todas as instituições apuradas. O número é alto e precisa ser visto com atenção. Em duas instituições, a redução do diagnóstico foi expressiva.

O Hospital AC Camargo Câncer Center apresentou queda de 48% e o Hospital das Clínicas da UNICAMP de 61%. Em números absolutos, o Hospital São Paulo – UNIFESP diagnosticou 57 novos casos de câncer de próstata em 2020, contra 76 em 2019. Já o Hospital das Clínicas da Unicamp atendeu 67 novos casos em 2020, contra 172 diagnosticados em 2019.

INSTITUIÇÃO REDUÇÃO NO DIAGNÓSTICO DE NOVOS CASOS DE CÂNCER DE PRÓSTATA
AC CAMARGO CANCER CENTER 48,85%
HOSPITAL AMARAL DE CARVALHO 13,5%
HOSPITAL SÃO PAULO – UNIFESP 25,0 %
ICA – FAMERP RIO PRETO 18,67%
HOSPITAL CLÍNICAS UNICAMP 61,04%
MÉDIA 33,41%

* Os dados comparativos do Hospital Amaral de Carvalho foram realizados entre os meses de janeiro a junho de 2019 e 2020 visto que as informações referentes ao segundo semestre de 2020 ainda não foram tabuladas

O INCA – Instituto Nacional do Câncer estimou cerca de 13.650 novos casos de câncer de próstata em 2020 para o Estado de São Paulo. “Utilizando-se a redução média observada nas instituições pesquisadas 33,41% podemos inferir que, no primeiro ano da pandemia, deixaram de ser realizados em nosso Estado, aproximadamente 4.560 diagnósticos de novos casos desta neoplasia maligna. Isso é muito preocupante, visto que o diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para um melhor prognóstico da doença.”, assinala Faria.

O INCA também estimou que seriam realizados em nosso país em 2020 cerca de 65.840 diagnósticos de novos casos de câncer de próstata. Valendo-se desta previsão e extrapolando os dados observados nas instituições, pode-se concluir que aproximadamente 22.000 mil homens que desenvolveram a doença em 2020 deixaram de ser diagnosticados precocemente.

“O tumor da próstata não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, e 90% dos casos podem ser curados se diagnosticados precocemente. Ao apresentar sintomas o câncer já pode estar numa fase mais avançada. Alguns fatores de risco podem contribuir para o seu desenvolvimento como histórico familiar da doença em parentes de primeiro grau (pai, irmão, tio) e em homens da raça negra. A recomendação da SBU é que, a partir de 50 anos, os homens devem procurar um urologista para avaliação individualizada, tendo como objetivo o diagnóstico precoce da doença. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames a partir dos 45 anos”, finaliza o médico.

Redação

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