Aumento da atividade neuronal pode auxiliar no combate ao câncer de pele

Artigo científico publicado na revista Acta Neuropathologica Communications mostrou que o aumento da atividade pode diminuir em mais da metade o tamanho e o desenvolvimento do câncer de pele do tipo melanoma. No estudo, realizado com camundongos, esse aumentou da atividade dos neurônios foi obtido por meio de uma técnica conhecida como quimiogenética, que consiste no uso de drogas sintéticas junto a modificações na sequência do DNA. O trabalho é coordenado por Alexander Birbrair, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, e financiado pelo Instituto Serrapilheira, primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil.

A pesquisa identificou que neurônios sensoriais se infiltram dentro do melanoma ecolaboram para o aumento de células imunes, importantes para a diminuição do tumor. O estudo constatou, também, que o aumento na atividade desses neurônios diminuiu os vasos sanguíneos ligados ao câncer, reduzindo o oxigênio e nutrientes necessários para o crescimento do tumor. Neurônios sensoriais são aqueles que têm funções como a emissão de sinais de dor e noções de temperatura, explica Birbrair, salientando: “Quase metade da composição de um tumor não é constituída por células de câncer. É o que chamamos de microambiente tumoral. Várias células e componentes que migram para dentro do tumor conseguem influenciar o comportamento das células de câncer”.

A pesquisa é importante, pois o câncer de pele é o câncer mais frequente no Brasil, correspondendo a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no País. O melanoma, embora represente apenas 3% das neoplasias malignas da pele, é o tipo mais grave dentre os que afetam esse órgão devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). Os dados são do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

O Dia Mundial de Combate ao Câncer, 8 de abril, foi instituído pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC). O propósito é contribuir para a prevenção e combate à doença. No Brasil, ocorrem cerca 520 mil casos anuais. Os cânceres mais prevalentes na população são, além dos de pele, os de próstata, mama, colorretal e pulmão.

Segundo Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, “um dos objetivos do instituto é fomentar pesquisas de excelência de jovens cientistas do Brasil que contribuam para promover avanços no conhecimento fundamental de suas áreas.” Em 2018, Alexander Birbrair recebeu da instituição financiamento de R$ 100 mil e, um ano depois, teve o apoio renovado, com novo aporte de R$ 700 mil, além de ter acesso a um bônus opcional de R$ 300 mil, destinado à integração e formação de pessoas de grupos sub-representados na ciência.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.