Pesquisa revela que cerca de 324 mil crianças estavam com peso baixo ou muito baixo durante pandemia

Diante do cenário de crise econômica que se agravou com a chegada da Covid-19, o país teve aumento no risco de insegurança alimentar e degradação de outros direitos fundamentais para milhões de famílias. A pesquisa da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal revelou que cerca de 324 mil crianças de 0 a 5 anos incompletos estavam com peso baixo ou muito baixo durante a pandemia. Um aumento de 54,5% do público infantil com peso muito abaixo e 15% com peso baixo.

As medidas de isolamento social e, consequentemente, a suspensão de atividades escolares intensificaram ainda mais a ameaça de fome, principalmente para crianças mais vulneráveis, que dependem das escolas para uma nutrição adequada. De acordo com a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, “o fechamento das escolas durante a pandemia influenciaram diretamente na alimentação das crianças. Para as famílias em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes, a alimentação das crianças ocorre apenas nas creches e nas escolas”.

Além dos impactos na alimentação infantil, o estudo relata ainda uma mudança negativa em relação às consultas de pré-natal. O indicador de sete ou mais consultas, que seguia uma trajetória ascendente desde 2015, caiu de 72,9% para 72,2% entre 2020 e 2021. É assegurado à todas as mulheres o atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal. Esse é um direito expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990 – Art.8º) e na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU). “As consultas de pré-natal, a realização dos exames previstos, o cuidado com a nutrição e a realização de consulta odontológica são fundamentais para a saúde da gestante e para o desenvolvimento do bebê”, reforça.

Outro ponto a destacar é o aumento acelerado da Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Brasil. Em 2021, mais de 50% dos óbitos maternos ocorreram em função do Coronavírus. A pesquisa também informa que a ausência de aleitamento materno e cuidados adequados, afeto e vínculo com o bebê, nos casos de óbito da mãe, podem ainda elevar a mortalidade infantil, em especial a mortalidade pós-neonatal. “Os dados do estudo são alarmantes e demonstram que as crianças são as mais afetadas dentro desse cenário, que necessita de uma ação de emergência, de qualquer natureza”, finaliza.

Redação

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