Estudo inédito divulgado esta quinta-feira (20) avaliou a prevalência da Covid-19 entre policiais militares do Rio Grande do Sul – que compõem um grupo de profissionais com uma das maiores exposições ao Coronavírus. Realizada pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, a pesquisa indicou uma prevalência de ao menos 3,3% entre os brigadianos. Mesmo sendo um percentual mais alto do que o da população geral, foi identificado um baixo índice de complicações da doença: apenas 6,7% dos casos redundou em hospitalização, enquanto nenhum óbito foi registrado.
O levantamento foi realizado em parceria com o Instituto Cultural Floresta (ICF) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Mais de 1,5 mil brigadianos de dez cidades foram testados – representando 33,6% do efetivo elegível para o estudo nessas localidades. Os exames buscaram detectar a presença de anticorpos nos policiais. “Há poucos dados sobre o momento atual da pandemia, e as populações mais expostas também não foram estudadas. Temos aqui um retrato fiel de como a epidemia atingiu aqueles que seguiram trabalhando nas ruas”, destacou Alessandro Pasqualotto, chefe do Laboratório de Biologia Molecular da Santa Casa de Porto Alegre e um dos coordenadores do projeto.
Segundo a pesquisa, cerca de 27,5% dos entrevistados tiveram exposição a casos de Covid-19 – ocorrida, em média, há 21 dias. A elevada frequência de uso de equipamentos de proteção individual também foi indicada pelos entrevistados: mais de 99% disseram usar máscara, frequência maior do que a de luvas (23,2%) e de protetor facial (9,6%). Em sua maioria, o grupo é composto por jovens e sem comorbidades.
Novas informações para o combate à Covid-19
A divulgação dos resultados contou com um painel de análise dos dados, com a presença de representantes das instituições envolvidas. Para Claudio Goldsztein, presidente do conselho do ICF, a pesquisa ajuda a trazer novos elementos para basear as ações de combate ao Coronavírus. “Esse é um assunto grave e que afeta a vida de toda a população. Por isso, nós não podemos ter uma só fonte. Nosso objetivo é contribuir com uma visão a mais e bem embasada em critérios científicos”, destacou.
Na avaliação de Goldsztein, uma das principais conclusões é que pessoas sem comorbidades e fora do grupo de risco puderam seguir suas atividades presenciais sem que a doença causasse maiores complicações. Somado a isso, o uso de equipamentos de proteção individual e as normas preconizadas de distanciamento contribuíram para o resultado. “Precisamos fazer essa discussão e avaliar possibilidades de retomada das atividades. Isso, claro, sem gerar sobrecarga na rede hospitalar, mas também sem promover o desemprego, a fome e o bloqueio da economia”, defendeu.