Pesquisadora participa de estudos que investigam por que algumas pessoas são resistentes ao Coronavírus

A pesquisadora Carolina Prando faz parte da diretoria do consórcio mundial que estuda o novo Coronavírus. Foto: Mariele Prestes – Hospital Pequeno Príncipe

Uma pesquisa coordenada por cientistas do mundo inteiro quer entender por que algumas pessoas não são contaminadas pelo Coronavírus mesmo após ter contato com quem foi diagnosticado com a Covid-19. “Nós estamos em busca daqueles casos em que, por exemplo, um casal dividiu a mesma cama, esteve junto sem máscara e um deles teve a doença na forma grave, e o outro não teve sequer o vírus detectado no organismo”, explica Carolina Prando, médica imunologista e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR).

“Publicamos um artigo na Nature Immunology que definimos como conceitual: nele, a pergunta central é: nos moldes de outras situações onde variantes genéticas mostram que existem pessoas resistentes a determinadas doenças, isso também acontece com a Covid-19? A partir desse questionamento, nós apontamos caminhos para encontrar essa resposta”, define a especialista.

Para participar do estudo, além do contato físico, a pessoa precisa ter sido exposta ao vírus em 2020 ou no início de 2021, antes de ter tomado a vacina e de preferência nos primeiros três a cinco dias de sintomas. “Quem teve o contato deve ter realizado exames para Covid-19 com resultados negativos”, informa a pesquisadora. “Também é importante ressaltar que, para a pesquisa, buscamos aquilo que chamamos de ‘fenótipo forte’: aquela pessoa que, mesmo exposta a uma alta carga viral, pelo contato com quem teve Covid-19 grave, não testou positivo”, detalha. Para participar, além de se enquadrar nessas características, é preciso enviar um e-mail para contato@pequenoprincipe.org.br e aguardar o retorno da equipe.

Os participantes da pesquisa estão sendo selecionados, e 500 amostras já foram avaliadas. “Fazemos o sequenciamento de cerca de 20 mil genes de cada um para compararmos o que aqueles que chamamos resistentes têm em comum e, após isso, vamos comparar estas características com quem foi diagnosticado com a doença na forma aguda e o que há de diferente entre esses dois grupos.” O resultado desses estudos deve ser divulgado já em 2022.

Estudos do consórcio

O consórcio ‘COVID Human Genetic Effort‘ é liderado pelos pesquisadores Jean-Laurent Casanova, da The Rockefeller University, e Helen Su, do NIH. O projeto reúne imunologistas do mundo inteiro. No Brasil, participa da diretoria do consórcio, além da médica Carolina Prando, o imunologista professor doutor Antonio Condino Neto, da USP.

Em outra pesquisa divulgada recentemente, cerca de 10% dos casos críticos de pneumonia pela Covid-19 são causados pela presença de autoanticorpos no sangue dos pacientes. No subgrupo de casos letais, o índice dos autoanticorpos chega a 20%. Esses anticorpos visam especificamente aos interferons tipo 1 (IFN 1), considerados essenciais na defesa do organismo em relação às infecções virais, incluindo o novo Coronavírus.

Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe

Os estudos científicos estão no DNA do Complexo Pequeno Príncipe. O Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe é o único projeto social do mundo a ter a chancela do ‘Rei do Futebol’. São 15 anos com foco na valorização da ciência. Atualmente, a equipe do IPPP conta com 19 pesquisadores principais e mais de cem projetos em andamento, estruturados em sete linhas de pesquisa com o foco em doenças complexas que atingem crianças e adolescentes.

Além dessa pesquisa, a instituição participa de outros estudos relacionados à Covid-19. O Pequeno Príncipe também está preparado para esse enfrentamento na sua unidade de assistência, o maior hospital exclusivamente pediátrico do país, onde atua com a missão de promover saúde com excelência, qualidade e segurança a milhares de pacientes.

Redação

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