O primeiro mês de um novo mandato se encerrou e, com as ações discutidas, o que a população pode esperar da saúde em 2023? Para contribuir com esse debate, a Dra. Melissa Morais, diretora-técnica da Quality Global Alliance (QGA) – que faz parte da Aliança Global para o desenvolvimento e a implementação de padrões mundiais de excelência em saúde – listou alguns pontos que ela acredita serem cruciais para o setor. “Não temos como saber exatamente o que vai acontecer, mas podemos antecipar quais serão os próximos passos”, informou.
De forma resumida, ela adiantou que o foco do novo governo deverá ser o Sistema Único de Saúde (SUS), a retomada dos programas de vacinação, a política nacional de saúde mental e a assistência e proteção social à população indígena. Além de esforços voltados às doenças crônicas que, durante a pandemia, foram deixadas de lado, causando agravos relevantes.
Em relação à cobertura vacinal, a Dra. Melissa destacou que a preocupação se divide entre o retorno de doenças que já haviam sido consideradas erradicadas do Brasil, como sarampo e poliomielite, além de outras condições preveníveis, mas que continuam vitimando a população. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022, a vacina contra a febre amarela alcançou apenas 55% da população-alvo, por exemplo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. Um outro dado que preocupa, também da OMS, é que, anualmente, 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, o que custa à economia global cerca de 1 trilhão de dólares.
De forma geral, a população ainda deverá lidar com os “efeitos colaterais” da pandemia, tanto na rede pública, quanto privada. Durante o combate ao Coronavírus, os focos precisaram ser modificados e, junto a isso, as instituições necessitaram lidar com o aumento do preço dos insumos.
Agora, é o momento de retomar os cuidados com as doenças crônicas, iniciar tratamento precocemente e redesenhar o sistema. Na saúde suplementar, a previsão da Dra. Melissa é que o mercado veja, cada vez mais, a concentração das operadoras e prestadores de serviços de saúde em redes.
“Podemos esperar que essa concentração provoque um redesenho desse sistema”, finalizou a Dra. Melissa.