O pneumologista Marcelo Rabahi comenta sobre os motivos que levam ao estresse e depressão entre os alunos das escolas médicas. O tema ainda é tratado com obscurantismo no Brasil, onde não se divulga dados específicos sobre estes casos.
Preocupação e angústia por causa da quantidade de matérias e provas, além da quase total falta de tempo para lazer e convivência familiar são algumas das causas do aumento de depressão e suicídio entre os alunos de Medicina, de acordo com Marcelo Rabahi, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Presidente do Congresso da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT 2018).
O Datasus aponta que os casos de suicídio em geral no Brasil ultrapassaram 170 mil nos últimos 20 anos. Na comparação entre 1996 e 2016, o aumento foi de 100%. “Poucas são as causas de mortalidade que cresceram nesta magnitude”, comenta o pneumologista.
Pesquisas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo alertam que a depressão pode ser interpretada pelo aluno como uma fraqueza ou como parte da profissão – como se ele precisasse sofrer para entender o que é ser médico.
De acordo com Rabahi, a proliferação de escolas médicas é um ponto crucial nessa discussão, porque é preciso que todas as instituições estejam preparadas para oferecer apoio psicológico aos estudantes, cheios de incertezas e questionamentos sobre a profissão.
“Para a família do aluno, o ingresso na Faculdade de Medicina pode ser motivo de orgulho, mas não se deve esquecer da responsabilidade de dar suporte emocional ao jovem para que ele enfrente o que está por vir”, recomenda o médico.