Professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) desenvolveram projeto de gameterapia para reabilitação de pé torto congênito (PTC), deformidade que atinge os músculos, tendões, ligamentos e ossos do pé. O jogo foi estruturado com o apoio de fisioterapeutas, e consiste numa série de obstáculos realizados através de exercícios para dorsiflexão e flexão plantar dos pés. O intuito é auxiliar no desenvolvimento das habilidades físicas e cognitivas dos pacientes.
O teste foi realizado em duas crianças, uma com PTC e outra sem para analisar os resultados de ambas em relação a gameterapia. Foi constatado, após vinte sessões de reabilitação, que as crianças reagiram positivamente ao jogo e se sentiram motivadas para cumprir os desafios, realizando os movimentos de recrutamento motor dos músculos e manutenção da amplitude de movimento articular do tornozelo.
A professora Ana Grasielle Dionísio Corrêa, do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da UPM, diz que foi desenvolvido um calçado inteligente no formato de papete equipado com um microprocessador Arduino e um acelerômetro, cuja função é controlar os sensores e giroscópios embarcados no sapato. Os equipamentos são conectados via usb no computador e servem como joystick para o jogo.
“Esses sensores foram posicionados de forma a detectar o ângulo do tornozelo em relação ao chão, então quando o paciente levanta o pé em dorsiflexão ou quando gira o tornozelo para esquerda ou para direita na posição de inversão e eversão, nós conseguimos detectar esses ângulos e enviar essa informação para um jogo”, explica Corrêa.
O professor da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da UPM, Bruno da Silva Rodrigues, explica que há dois tipos de jogos, os de exercícios específicos que compreendem os exercícios de dorsiflexão e flexão plantar, e os exercícios de inversão e reversão. Um dos jogos consiste num carrinho em que o jogador deve andar pela pista e desviar dos obstáculos ao longo de cinco fases, cada uma delas tem um grau de dificuldade e um tempo específico para o paciente ficar com o pé flexionado.
“O fisioterapeuta nos explicou qual seria uma rotina de exercícios normal dentro de uma sessão de fisioterapia, e dentro dessa sequência que ele faria, nós desenvolvemos jogos para realizarem de maneira lúdica. A fisioterapia, que poderia ser cansativa, se transforma em algo prazeroso para a criança porque ela quer brincar e fazer o jogo”, afirma Rodrigues.