Nos dias 3 e 4 de dezembro, a Rede D’Or São Luiz e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) promovem o primeiro Simpósio Internacional de Integração Neurológica. O evento, virtual, que conta com 60 palestrantes e mais de 30 horas de atividades em duas salas simultâneas, vai discutir temas caros à neurologia, neurocirurgia, neurociência, psiquiatria, radiologia, oncologia e endocrinologia com o intuito de promover uma maior convergência entre as especialidades e um modelo de atuação mais integrado.
Entre os convidados estão, entre outros, Fernanda Tovar Moll, co-fundadora do IDOR, Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, o neurocientista Stevens Rehen e o psiquiatra Paulo Mattos, pesquisadores do IDOR, e Leandro Reis Tavares, vice-presidente médico da Rede D’Or São Luiz. O evento conta também com nomes de peso de outros países, como o americano Edward Laws, professor de neurocirurgia da universidade Harvard, e o francês Hugues Duffau, responsável pelo departamento de neurocirurgia da universidade de Montpellier.
O casal de neurocirurgiões da Rede D’Or São Luiz, Antônio De Salles e Alessandra Gorgulho, é um dos coordenadores do simpósio. “Os avanços da medicina aumentaram a expectativa de vida do ser humano. O cérebro, no entanto, atrofia com o avanço da idade, diminui em volume e na densidade de conexões sinápticas”, diz Antônio De Salles. “A capacidade cognitiva entra em declínio.” Por isso, complementa Alessandra, “a perda de memória e da cognição juntamente com o surgimento de demências e doenças neurodegenerativas permanecem como objeto de muitos desafios e pesquisas atuais.”
Em outras palavras, um dos objetivos do encontro é debater o envelhecimento saudável e os progressos que neurocientistas e afins têm feito para que o homem consiga manter tanto o corpo como a mente sãos. “Esta iniciativa da Rede D’Or visa preparar nossos profissionais para o aumento contínuo da longevidade que vem sendo constatado ao longo das gerações”, afirma De Salles.
Entre os temas que integram a programação do evento, está o uso de marca-passo cerebral para tratar doenças como depressão severa e obesidade e sintomas de distúrbios como Mal de Parkinson, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), distonia e tremor essencial.
A implantação do marca-passo é feita por cirurgia. São colocados eletrodos no cérebro ligados ao dispositivo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Por meio de estímulos elétricos, o marca-passo atua em determinadas áreas cerebrais e modula as atividades neuronais.
Com a corrente elétrica, é possível inibir ou estimular vias que estão funcionando de maneira deficiente ou em excesso e torná-las mais parecidas às de um cérebro que funciona adequadamente. “Trata-se de uma estimulação cerebral profunda capaz de atenuar sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente”, conta Alessandra Gorgulho.
Nos casos de obesidade, a neuromodulação estimula o metabolismo, contribuindo para a perda de peso. “O tratamento provoca uma reação no organismo como a de um indivíduo que pratica exercícios físicos contínuos”, explica De Salles, que, ao lado da esposa, já implantou o marca-passo cerebral em mais de 600 pacientes.
Durante o Simpósio Internacional de Integração Neurológica, o neurocirurgião pretende divulgar alguns dados do estudo que coordena sobre o uso do marca-passo cerebral para casos de depressão severa e falar sobre a aplicação da estimulação cerebral profunda em casos de TOC e perda de memória. “Tenho certeza que o evento vai abrir horizontes, em diferentes áreas, para novas abordagens do cérebro”, diz Alessandra.