A Kearney, consultoria global de gestão estratégica, acaba de divulgar um relatório de perspectivas, projeções, análise de cenários e recomendações sobre o novo Coronavírus (Covid-19) no Brasil.
Baseada em uma modelagem de cenários de projeção de incidência e mortalidade do vírus, a Kearney estima que o número total de óbitos pela Covid-19 no Brasil deve triplicar em agosto, na comparação com o fim de junho. Com isso, as mortes pelo Coronavírus chegariam a aproximadamente 170 mil no país, ante as pouco mais de 60 mil registradas até o mês passado.
“Notamos uma desaceleração do crescimento de casos confirmados, mas a taxa de crescimento médio nacional ainda é muito alta, na faixa de 3,0% ao dia”, observa Joaquim Cardoso, líder especialista da prática de Saúde da Kearney. O mesmo se observou no índice de óbitos, que caiu 2 pontos percentuais no período, mas ainda se mantém elevado, em 1,9% ao dia.
“No Brasil, 10 estados, que juntos representam 62% da população brasileira, ainda apresentam crescimento no número diário de casos”, analisa Carlos Higo, partner da Kearney e um dos autores do relatório. A previsão da Kearney é que o País alcance de 3,2 milhões a 5,2 milhões de casos até o final de agosto.
“Se medidas urgentes não forem tomadas, podemos chegar a aproximadamente 14 milhões de casos no final de 2020, sem previsão de pico”, diz Higo, considerando um cenário intermediário. Se considerado o cenário pessimista, o número pode ultrapassar 17 milhões. Tomando agosto como referência, mesmo em um cenário otimista, o Brasil terá, ao final do mês, mais de 15 mil casos por milhão de habitantes – uma das maiores proporções do mundo (entre os países com população superior a 4 milhões).
Com base nos resultados do estudo, Higo afirma que é provável que o Brasil tenha de conviver com um número elevado de novos casos até o surgimento de uma vacina, o que só deve acontecer em 2021. Isso porque, mesmo as cidades que alcançaram um platô no crescimento de casos, como São Paulo, não apresentam declínio da curva. “Além disso, com a reabertura dos negócios, o mais provável é que o número de casos volte a aumentar”, observa Cardoso.
Higo acrescenta que o cenário mais provável, de acordo com as análises da Kearney, é aquele em que governos e instituições privadas terão de conviver com um número elevado de casos durante 2020, a não ser que haja uma mudança significativa de estratégia, o que parece pouco provável. “Esse cenário implicará a adoção de medidas de segurança ao longo do ano para manter o contágio em níveis aceitáveis”, avalia.
Migração para o interior
A análise da Kearney aponta a contínua migração do foco da pandemia das regiões metropolitanas para o interior dos Estados. Para dar uma ideia, em março, as cidades do respondiam por 12% dos casos. Ao fim de junho, esse índice era de 45%. “É importante que as cidades do interior apliquem as lições aprendidas nas capitais”, aconselha Cardoso.
Painel de indicadores
A Kearney desenvolveu um dashboard através do qual é possível visualizar painéis de indicadores da Covid-19 por datas e regiões. Ele pode ser acessado em www.br.kearney.com/covid-19-visualization