Seringas sem líquidos, falta de oxigênio, ventiladores pulmonares que não funcionam. Em meio à uma das maiores crises de saúde no país e no mundo, a atenção com os equipamentos hospitalares necessários à manutenção da vida ganhou importância vital para a recuperação de mais de 9 milhões de pessoas que já contrariaram a doença.
No Brasil, todos estes equipamentos devem passar por uma série de rigorosos testes e ensaios em um dos 20 laboratórios credenciados que atestem a segurança e a eficiência dos mesmos antes que sejam utilizados pelos hospitais, de forma a evitar que itens não seguros sejam consumidos no tratamento de pacientes.
Os ensaios técnicos são conduzidos por Laboratórios técnicos, que por sua vez são acreditados pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre), órgão do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e que devem conduzir testes com base em regulamentos baseados em padrões, normas e regulamentos técnicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Para realizar a análise desses equipamentos, a modalidade utilizada é o ensaio, que consiste na determinação de uma ou mais características de uma amostra. “O ensaio, baseado na determinação de uma ou mais características de uma amostra, é a avaliação da conformidade mais frequentemente utilizada, porque está associada a outros mecanismos, como inspeção e certificação”, explica o vice-presidente de Laboratórios da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), Israel Teixeira.
Seringas para Vacinas
As seringas hipodérmicas, que são utilizadas para aplicar a vacina, passam por testes que incluem ensaios mecânicos e químicos, como o de tolerância da capacidade graduada, que avalia a escala e o volume a ser injetado no paciente, com variações máximas e mínimas para não ocorrer superdosagem ou sub dosagem de medicamento, respectivamente; o de análise de metais extraíveis (chumbo, cádmio, estanho, zinco e ferro), onde há a avaliação quantitativa de metais que podem prejudicar o paciente; análise de pH da solução extraível, onde são verificadas impurezas que ocasionariam a alteração de pH de uma solução padrão (na norma água destilada, com alta pureza), o que pode ocorrer em uma solução medicamentosa.
Também são verificados aspectos como limpeza, para averiguar se há alguma sujidade/partícula estranha que possa ser injetada no paciente ou alterar/reagir com a infusão que será injetada (medicamento); avaliação do bico da seringa, onde é verificado se o bico possui requisitos dimensionais e de resistência mecânica para uso com outros dispositivos interligados, como equipos, cateteres e/ou agulhas; e ensaios de vazamento, onde há avaliação de vazamento nas vedações da seringa em pressão positiva e negativa de uso, simulando requisitos reais.
Oxigênio
Já os ventiladores pulmonares seguem normas que visam a segurança tanto do paciente quanto do operador, porém, são divididas conforme o ambiente no qual o equipamento é utilizado. Nessa categoria de produto, são verificados os requisitos adicionais para procedimentos de aspiração, que tem como objetivo replicar as condições do cateter de aspiração fechado e se o ventilador retorna a sua função destinada; ventilação tipo controlada a volume, que verifica se a máxima variação de erro e o erro máximo linear indicados pelo fabricante são respeitados pelo equipamento; e monitoração do volume de oxigênio liberado, que visa avaliar a precisão da monitoração de volume liberado, diminuindo os riscos de volutrauma e o de barotrauma.
O oxímetro de pulso, dispositivo que mede indiretamente a quantidade de oxigênio no sangue de um paciente, passa por testes como o de operação após interrupções longas, ou seja, as instruções de utilização do aparelho devem informar a operação do equipamento depois da perda da rede de alimentação elétrica após 30 segundos. Também é realizado o ensaio de configurações e armazenamento de dados após interrupções curtas ou alterações automáticas, que verifica se todos os dados são agrupados durante a perda de alimentação elétrica por um tempo menor do que 30 segundos.
Monitoramento UTI
O monitor multiparamétrico, principal equipamento utilizado entre os profissionais de saúde para acompanhar a evolução dos indicadores de saúde do paciente, passa por ensaios como proteção contra desfibrilações, que verifica se o equipamento apresenta proteção contra os efeitos da desfibrilação; faixa da pressão sanguínea, se o equipamento consegue verificar a pressão sanguínea diastólica e sistólica; e proteção contra a depleção da bateria, pois a descarga da fonte de alimentação elétrica interna não pode levar riscos ao paciente, sendo este informado via alarme ao operador.