Setembro Dourado alerta para necessidade do diagnóstico precoce no combate ao câncer infantojuvenil

O mês de setembro ganha a cor dourada para chamar a atenção da sociedade para um tema muito importante: o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. A campanha é uma iniciativa da Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC), a fim de que pais, educadores, profissionais da saúde e toda a sociedade fiquem atentos aos sinas e sintomas do câncer infantojuvenil.

A detecção precoce da doença é um dos pilares para elevar as taxas de cura, que em países desenvolvidos pode chegar a 80%, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A grande questão quanto aos sinais e sintomas dos tumores infantojuvenis é que muitas vezes eles podem ser semelhantes às doenças comuns na infância, o que reforça a importância da atenção diante de quadros em não melhoram. “Os sinais e sintomas são de extrema importância para fazer diagnóstico precoce da maioria das doenças, inclusive do câncer. Febre, ínguas de crescimento gradual, vômitos e dor de cabeça são comuns a várias doenças da infância. Acompanhar de perto, com auxílio do pediatra, para verificar o que não melhora ao longo do tempo é fundamental para nos guiar quando devemos ficar mais alertas ou buscar exames complementares na avaliação”, afirma a Dra. Anna Beatriz Amaral, oncopediatra do Hospital do Câncer em Uberlândia (MG).

De acordo com dados do INCA, são esperados cerca de 12.500 novos casos de tumores infantojuvenis em 2018. Os tipos mais comuns de câncer em crianças e adolescentes (quase 70% dos casos) são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os tumores cerebrais e linfomas (sistema linfático). Também afetam as crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).

O câncer infantojuvenil na região

A oncopediatra do Hospital do Câncer em Uberlândia, Dra. Anna Beatriz Amaral, conta que os tumores infantojuvenis, que acometem crianças e adolescentes até 18 anos, correspondem de 0,5 a 1% dos atendimentos feitos na instituição de saúde, o que equivale, em média, 45 casos novos/ano. “Ao longo do ano, prestamos atendimento de triagem para diagnóstico precoce, tratamento multiprofissional e multimodal de câncer em ambiente ambulatorial ou de enfermaria, além de seguimento periódico de pacientes fora de tratamento e em cuidados paliativos exclusivos. Somamos mais de 100 atendimentos/mês”, explica a oncopediatra. Atualmente a equipe de oncopediatria do Hospital do Câncer conta com três médicas, além da equipe multiprofissional composta por psicóloga, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, enfermeiro e pedagogo.

Ainda de acordo com a médica, a taxa de sobrevida local está em torno de 65%, que é semelhante a outros serviços do Sudeste brasileiro e maior que a média nacional (55%), mas ainda é menor que taxa de países desenvolvidos (75-80%). “É uma doença rara, mas é questão importante de saúde pública, por tratar-se da primeira causa de morte na faixa etária de 0 a 18 anos, na região do Sudeste”, alerta.

Mesmo com uma taxa de sobrevida maior do que a média nacional, Anna Beatriz Amaral destaca que há muitos desafios para melhorar ainda mais o diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil na região. “Nossos principais desafios atuais são melhorar as condições de diagnóstico precoce e também aprimorar a assistência local nos ambientes de enfermaria e pronto atendimento. O serviço participa ativamente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, bem como dos Grupos Cooperativos Nacionais de pesquisa clínica, buscando trazer o melhor tratamento e atendimento para os pacientes e suas famílias”, diz.

Anna Beatriz enfatiza que o Setembro Dourado é um mês importante e de maior enfoque, mas o alerta é diário. “A divulgação permanente dos principais sinais e sintomas do câncer infantojuvenil, bem como a capacitação e reciclagem sobre o tema entre os profissionais de saúde visa manter o câncer como um diagnóstico diferencial e não de exclusão. Os tumores desta faixa etária são sempre urgências, para que a criança consiga ser curada mais rapidamente e com menos sequelas”, conclui.

Conheça algumas formas de apresentação dos tumores da infância:

• Nas leucemias, pela invasão da medula óssea por células anormais, a criança se torna mais sujeita a infecções, pode ficar pálida, ter sangramentos e sentir dores ósseas.

• No retinoblastoma, um sinal importante é o chamado “reflexo do olho do gato”, embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar, também, através de fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo (olhar vesgo). Geralmente, acomete crianças antes dos 3 anos. Atualmente, a pesquisa desse reflexo pode ser feita desde a fase de recém-nascido.

• Aumento do volume ou surgimento de massa no abdômen pode ser sintoma de tumor de Wilms (que afeta os rins) ou neuroblastoma.

• Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, visível ou não, e causar dor nos membros. Esse sintoma é frequente, por exemplo, no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes.

• Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.

Fonte: INCA

Redação

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