Realizado no dia 11 de junho pelo Comitê Técnico Médico-Hospitalar (CTH) da ABINT (Associação Brasileira da Indústria de Nãotecidos e Tecidos Técnicos), o 1° Simpósio CTH ABINT teve como público profissionais do setor de saúde ligados ao Centro Cirúrgico e à Central de Material e Esterilização (CME) de hospitais. Dentre as palestras, trabalho desenvolvido por equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que compara o custo benefício entre kits cirúrgicos de uso único x reutilizáveis; boas práticas para esterilização de produtos médicos; e estudo do ciclo de vida dos nãotecidos x tecidos de algodão.
A coordenadora do Comitê Técnico Hospitalar (CTH) da ABINT, Michele Louise, considerou proveitoso o primeiro simpósio realizado pela entidade no segmento médico-hospitalar, não só pelo público, que compareceu, mas também pela quantidade de informações oferecidas. “Foi bem proveitoso com informações sobre normas, realidade diária de uma CME e custos de paramentos reutilizáveis versus de uso único. Observei que o público se sensibilizou com os temas tratados nas palestras. Isso contribui para que a segunda edição do simpósio, quando for realizada, atraia ainda mais o interesse dos profissionais da saúde”, disse Michele.
A enfermeira Aline Uchoa Lima afirmou ter gostado do evento, principalmente no que tange aos estudos comparativos de custo e de ciclo de vida de ambos os tipos de paramentos. “Gostei dos esclarecimentos sobre custo/benefício de kits reutilizáveis e de uso único porque no hospital onde trabalho a regra é usar tecidos de algodão por acreditarem que são mais baratos. Agora está muito claro para mim que esse paradigma tem de ser quebrado”, conclui Aline.
UFMG – A apresentação da chefe do setor de Hotelaria do HC-UFMG (Hospital das Clínicas – Universidade Federal de Minas Gerais), Letícia Lopes Oliveira, intitulada “Custo benefício na utilização de kits cirúrgicos de uso único x reutilizáveis” apontou que a adoção de kits de nãotecidos representa redução de custos da ordem de 30%. O estudo teve o apoio de especialistas da própria universidade e foi realizado por causa de uma reforma na CME do HC.
“O estudo levou em conta custos diretos e indiretos gerados por kits de ambos os tipos, nãotecidos e algodão. Consideramos quatro diferentes tamanhos de campos cirúrgicos e capotes P, M e G”, explica Letícia. O custo por quilo de kits cirúrgicos tradicionais ficou em R$ 74,24 contra R$ 55,24 dos kits de nãotecidos. No caso dos capotes a relação foi de R$ 11,80/Kg (algodão) contra R$ 9,68 (nãotecidos).
Ciclo de vida – Em outra palestra, cujo tema era “Custeio do Ciclo de Vida de Kits Cirúrgicos de Uso Único x Reutilizáveis”, o engenheiro químico formado pela Universidade de São Paulo (USP), Yuki Hamilton Onda Kabe, apresentou trabalho em que comprova que os kits reutilizáveis mantêm suas características de barreira física somente até a sexta lavagem. “A cada lavagem, a trama do tecido se deforma um pouco até que o campo cirúrgico perde sua capacidade de barreira, ou seja, pequenas escamas de pele do cirurgião ou qualquer outro tipo de partícula podem atravessar o campo direto para o corpo do paciente, problema que aumenta os riscos de infecção hospitalar”, adverte.
Boas práticas – O público participante também teve a oportunidade de rever e se atualizar com a palestra “Boas práticas de processamento de produtos para a saúde”, ministrada pelo químico da Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro, Pedro Roberto Alves Azevedo. O tema é importante para quem está entrando no setor, mas também para aqueles que estão na área há muitos anos. A apresentação de Azevedo teve como foco questões técnicas do processo de esterilização, mas o especialista também falou sobre algumas normas em vigor.
As boas práticas de esterilização devem ser revistas continuamente tanto para manter os profissionais atualizados quanto para mudar uma cultura de resistência ainda existente em empresas mais antigas. “Há empresas modernas que buscam cumprir as regras, mas também existem empresas mais antigas que perguntam ‘onde está escrito que eu tenho de fazer isso?’. Quando esse questionamento ocorre a gente percebe que se trata de um gestor que terá de ser obrigado a trabalhar dentro do protocolo”, comenta.