A administração gradual de nutrientes, calorias e proteínas para pacientes hospitalizados está associada a uma redução significativa da mortalidade e melhores desfechos clínicos. Essa foi uma das principais conclusões dos estudos apresentados no simpósio ‘Desafios da Terapia Nutricional no Paciente Crítico’, promovido em junho pela Danone Nutricia, em São Paulo. O evento reuniu grandes especialistas nacionais e internacionais para debater a importância da terapia nutricional na recuperação dos pacientes.
Um dos palestrantes do simpósio, o pesquisador Paul Wischmeyer, Professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, destacou que pacientes de UTI e de grandes cirurgias podem perder mais de 1kg de massa muscular diariamente, o que compromete sua recuperação.
Entretanto, grandes estudos internacionais apontaram que os pacientes internados em UTIs recebem apenas de um terço a metade da quantidade recomendada de proteína nas duas primeiras semanas de UTI.
De acordo com Wischmeyer, a correta administração de nutrientes e proteínas nos primeiros oito dias de internação demonstrou ser benéfica em longo prazo; aumenta a qualidade de vida dos pacientes por meses, e em alguns casos, anos. Segundo o especialista, a oferta adequada de nutrientes e calorias durante a internação não só reduz a mortalidade, mas diminui o tempo de internação, ajuda na cicatrização e reduz as complicações de saúde.
Além da adequada oferta de nutrientes durante a internação, Wischmeyer ressaltou que o tratamento nutricional é imprescindível em toda a jornada do paciente, antes, durante e após a internação.
Cerca de 50% das mortes que ocorrem no primeiro ano após a internação do paciente são decorrentes da síndrome da fraqueza adquirida (ICU Acquired Weakness), que está intimamente relacionada ao estado nutricional do paciente na UTI.
“O cuidado com a reabilitação do paciente deve se manter após a alta hospitalar. Uma parte essencial do processo de recuperação de sua qualidade de vida está relacionado à terapia nutricional – oral, com uma dieta bem orientada, incluindo o uso de suplementos hipercalóricos e hiperproteicos, ou enteral,” ressalta a médica intensivista Ana Carolina Schmidt de Oliveira Netto, especialista em nutrição enteral e parenteral.
Um artigo publicado pelo Dr. Paul Wischmeyer apontou que a terapia nutricional oral (TNO) deveria se tornar fundamental depois da alta hospitalar. Uma meta-análise envolvendo diversos hospitais concluiu que a suplementação oral reduz a mortalidade, as complicações da doença, encurta a duração da internação e diminui também os custos hospitalares.