A 3DBS (3D Biotechnology Solutions), startup que faz parte do HUB Mandic, está desenvolvendo a tecnologia de impressão de tecidos artificiais com vascularização, que permitirá a reprodução de órgãos bioimpressos a partir de células do próprio receptor. A empresa é conhecida por ser a primeira brasileira a oferecer equipamentos para biofabricação, que possibilita a automatização na produção própria de pele artificial para testes cosméticos e fármacos. “Essa tecnologia será disruptiva, pois será importante em diferentes frentes da área da saúde, desde tratamentos até o transplante de órgãos bioimpressos”, explica Pedro Massaguer, CEO da 3DBS.
Know-how e pesquisa científica
Segundo a diretora de pesquisa da 3DBS, Dra. Ana Luiza Millás, a corrida para o desenvolvimento e viabilização de órgãos artificiais vascularizados atinge o cenário internacional. “Toda pele tem vasos sanguíneos, e o nosso objetivo principal dentro do campo da biofabricação é mimetizar os tecidos humanos, que precisam ser irrigados com oxigênio e nutrientes por meio do transporte dos microvasos”. A pesquisadora ainda completa que no caso da pele vascularizada, a solução será importante para aprimorar ainda mais os testes cosméticos e fármacos para a extinção dos testes em animais, além de desenvolver tratamentos ainda mais efetivos, como de feridas e queimaduras, pois a vascularização deve melhorar a regeneração do tecido.
Método de vascularização
De acordo com a pesquisadora, o trabalho de desenvolvimento dos tecidos vascularizados da 3DBS começou a partir da produção da pele artificial, também fabricada pela startup, que em primeiro momento não possui vascularização, mas que já é utilizada para testes de segurança e eficácia por grandes empresas cosméticas, como a Natura, como alternativa ao uso de cobaias animais. Além disso, para o seu uso em enxertos e biocurativos, a pele sem vascularização já está em avanço nos testes pré-clínicos.
“No caso da pele bioimpressa vascularizada, ainda estamos na fase de prototipagem. Neste caso, utilizamos de células humanas jovens, coletadas de tecidos de prepúcio (fimose) doados por pacientes a partir dos meios impostos pelo Comitê de Ética da Faculdade São Leopoldo Mandic, e fazemos a extração no nosso laboratório desses tipos celulares, que são, principalmente, melanócitos, queratinócitos, fibroblastos (para dar origem à pele) e células endoteliais (que dão origem aos vasos)”, conta Dra. Ana Luiza Millás. É importante destacar que esse tecido seria normalmente descartado, caso não fosse utilizado para este fim.
Ela ainda explica que o diferencial da empresa campineira é que, após extrair e proliferar as células em laboratório, os cientistas utilizam das bioimpressoras 3D, tecnologia automatizada de manufatura aditiva ou de impressão 3D para materiais vivos, construída pela 3DBS, que utiliza uma biotinta produzida com as células. “A grande vantagem dessa tecnologia é que existem pesquisas que já utilizam essa produção manualmente, mas a gente está automatizando essa produção de tecidos, pensando em escalabilidade, reprodutibilidade e customização”.
Tecnologia
Segundo a Dra. Ana Luiza Millás, são mais de 50 grupos no Brasil trabalhando com a tecnologia da 3DBS dentro do segmento do market science, como em universidade e institutos de pesquisa públicos e privados. “Nesse sentido, a 3DBS vem democratizando e fomentando o campo da biofabricação no Brasil, seja através do fornecimento de equipamentos, seja com os treinamentos e consultoria. Até o momento, foram desenvolvidos cinco layouts principais de bioimpressoras e três de electrospinning, e ainda desenvolvemos internamente tecidos humanos biomiméticos, que utilizam a nossa própria tecnologia”, finaliza.