Disponibilizada pelo Instituto Unimed-Rio para todo o staff do Hospital Unimed-Rio e para os mais de 4.000 médicos cooperados do Estado do Rio de Janeiro, a plataforma ClinicalKey, da Elsevier, é a principal fonte de evidências que apoia a formação dos médicos do Programa de Residência da instituição, criado em 2014. A utilização dos vários conteúdos e recursos da plataforma faz grande diferença no processo de aprendizagem dos residentes de Cardiologia, Clínica Médica e Medicina Intensiva, de acordo com o Dr. Pedro Spineti, médico de Rotina da UTI Cardiológica da instituição e coordenador da Comissão de Residência Médica (COREME) do hospital.
“Os alunos têm dúvidas o tempo todo e acessam bastante o ClinicalKey em busca de respostas. Levam casos clínicos para solucionar em casa e apresentam seus pareceres no dia seguinte. O ClinicalKey oferece todo o conteúdo necessário para apoiar o conhecimento e o raciocínio clínico. Ao terminarem o programa, os residentes já incorporaram o uso da ferramenta na sua rotina e certamente seguirão utilizando ao longo da sua prática profissional”, conta Dr. Pedro, que conversou com a equipe do Blog Elsevier Connect sobre os benefícios do ClinicalKey e, também, sobre o relacionamento da equipe médica com os residentes no dia a dia e a prática da medicina no mundo contemporâneo.
Confira o bate-papo:
O que motivou a contratação do ClinicalKey pela Unimed-Rio?
Não tínhamos nenhuma plataforma digital com amplo acervo bibliográfico de referência na área da saúde e precisávamos garantir o acesso a essa literatura científica para os nossos residentes. Cada vez menos as instituições contam com bibliotecas físicas, ainda mais dentro de um hospital, e hoje ainda temos uma enorme velocidade de atualização da informação médica. Também era uma necessidade do corpo docente para preparação de avaliações, concursos, provas e, com o ClinicalKey, a gente tem a bibliografia atualizada regularmente.
Nos primeiros anos do programa de residência, tínhamos uma parceria com uma universidade e os residentes utilizavam a biblioteca física da instituição. Depois de apresentarmos várias cotações e batalharmos pela assinatura da plataforma, a empresa abraçou a ideia para todo o staff do hospital, para os residentes e para os mais de 4.000 médicos cooperados do Rio de Janeiro.
Qual a contribuição do ClinicalKey para as avaliações do MEC?
A cada cinco anos, o MEC volta para fazer uma visita e revalidar a licença definitiva que ele concedeu quando o programa de residência foi criado. Nessas ocasiões, o programa pedagógico é revisto, produzimos um relatório com os indicadores da instituição, número de procedimentos, produção científica do período, quantidade de supervisores, médicos com Doutorado, especialistas, enfim, todas as informações solicitadas pela comissão de avaliação do Ministério. E temos que comprovar como é disponibilizado o acesso e uso da bibliografia pelos residentes. Não temos biblioteca física, ao invés disso, garantimos acesso online remoto e ilimitado ao amplo acervo digital do ClinicalKey. Então esta ferramenta tem um importante papel nos processos junto ao MEC nos quesitos infraestrutura e biblioteca. Enquanto coordenador da Comissão de Residência Médica (COREME) do Hospital Unimed-Rio e integrante da Comissão Estadual de Residência Médica (CEREME-RJ), também sou convidado para visitar outras instituições e todas oferecem algum tipo de ferramenta para apoiar a bibliografia dos seus programas de ensino e pesquisa.
Quais são os maiores desafios da sua função?
Nosso primeiro desafio – posso dizer também pelos outros que me antecederam nessa caminhada – foi criar e manter uma cultura de ensino dentro de uma instituição privada de saúde que, como todas as outras, precisa comprovar seus resultados com indicadores de qualidade e desempenho. A presença de estudantes num hospital pode interferir em algumas dessas métricas, uma vez que o corpo clínico precisa dar atenção e supervisionar. É um processo cíclico e a cada ano entra uma turma nova. Nos primeiros meses do ano, a coisa gira um pouco mais devagar, depois engrena. Mas é no início do ano que também comemoramos a formatura dos residentes do ano anterior que, graduados com a sua especialização, estarão prontos para continuar sua trajetória.
O interessante é que, no início do programa de residência aqui no hospital, em 2015, percebi que médicos com experiência em hospitais públicos encaravam melhor a presença e demandas dos estudantes no dia a dia da prática. Já colegas que sempre trabalharam na rede privada se incomodavam um pouco. Hoje em dia, passados oito anos desde o primeiro concurso, todos foram sentindo como o residente muda a dinâmica do serviço porque, ao questionar, ele nos obriga a melhorar. A equipe evolui porque ela está sendo provocada o tempo todo e isso é muito bom. Hoje, os colegas querem ter os residentes com eles, passaram a pedir isso.
Outra vantagem de ser ter uma residência no próprio hospital é ter um profissional formado com o DNA da instituição…
A residência em Clínica Médica é pré-requisito para uma segunda especialização: pneumo, gastro, hemato…Eles terminam aqui e vão fazer outro concurso para buscar sua especialidade e se inserir no mercado depois. Com a residência em Cardiologia é a mesma coisa. Mas temos casos, sim, de residentes que ficaram conosco, alguns que permaneceram enquanto se especializaram em Hemodinâmica e um deles continua no hospital, outro está na UTI com a gente…De 20 a 30% são absorvidos e a grande maioria é convidada a ficar, mas tudo depende desse fluxo da residência que confere a especialidade.
Vocês conseguem mensurar onde e quando o ClinicalKey é mais consultado?
O Instituto nos mostra que, invariavelmente, é a Residência que mais usa a plataforma. Como estão em formação, os alunos têm dúvidas o tempo todo e acessam bastante. O ClinicalKey oferece todo o conteúdo necessário para essas buscas, com apoio para questões clínicas, livros e periódicos. Os residentes têm de fato essa demanda e, ao terminarem o programa, seguem utilizando a plataforma na sua rotina profissional, seja para o diagnóstico e tratamento dos pacientes, bem como para atualização continuada e pesquisa.
Entre os médicos, estamos promovendo diversas ações internas para promover a ferramenta e aumentar o engajamento para que todos possam conhecer as funcionalidades e comprovar o valor da plataforma na prática profissional, com as melhores evidências condensadas e atualizadas o tempo todo.
Como o ClinicalKey ajuda a fortalecer a cultura do ensino dentro do hospital?
Ter uma ampla fonte de evidências como o Clinicalkey integrado ao prontuário eletrônico do paciente foi uma grande ajuda para a consolidação dessa cultura de ensino. Cada vez mais, a discussão clínica dos casos traz a necessidade de dar exemplos para os residentes em tempo real, acessando diversos conteúdos atualizados e confiáveis como um artigo de um periódico de referência, um livro de um autor renomado, uma imagem, vídeo de procedimento….
A plataforma também é essencial numa atividade que realizamos chamada “Clube de Revista”, atendendo à uma demanda do MEC de que todos os residentes, independentemente da especialidade, recebam treinamento para análise crítica da literatura científica. Temos um grupo bastante dedicado no hospital que se reúne com os residentes todas as terças-feiras com esse objetivo. O residente traz um ensaio randomizado do interesse dele para discutirmos se a metodologia daquele trabalho está adequada ou não, quais são os passos na análise daquele tipo de estudo, e o ClinicalKey é a grande ferramenta para essa avaliação.
A primeira aula do Clube de Revista é sobre medicina baseada em evidências, como lidar com o volume de informações médicas. A aula seguinte é sobre ferramentas de busca de forma geral e, em seguida, concentramos no treinamento para uso do ClinicalKey, que é a plataforma com a qual trabalhamos. Alguns professores desse grupo, do staff do hospital – Andrea Ferreira Haddad e Monica Amorim de Oliveira – também são instrutores do já tradicional Workshop de Prática Clínica Baseada em Evidências (PCBE), que vai para a sua 14a edição em 2023.
Em meio a toda a velocidade dos avanços tecnológicos na saúde, temos nós, os humanos…
Ao longo do tempo, essa questão vai ganhando novas denominações, porque é preciso que a humanização do cuidado esteja sempre no foco da prática médica. Por exemplo, quando eu estava na faculdade havia a campanha da medicina humanizada, hoje em dia falamos muito em medicina centrada no paciente, integrativa. O nome muda, mas o objetivo é o mesmo. É entender que o paciente que está ali, na sua frente, tem sua individualidade e todas as suas complexidades, que precisa ter escuta para suas demandas, que não devemos ver o outro só como um caso, como um órgão doente; entender que, embora a patologia possa ser a mesma do paciente anterior, ela está agora numa pessoa que é diferente da outra.
É importante que haja campanhas permanentes que reforcem para todo o sistema que a base da Medicina, mesmo que a tecnologia seja um facilitador, continua sendo a residência, a prática, o serviço, a relação médico-paciente. Pode haver uma tela entre nós, mas a relação continua sendo de pessoa para pessoa, independentemente da ferramenta que lançamos mão para melhorar a assistência.